O peronista de centro-esquerda Alberto Fernández, favorito com folga em todas as pesquisas eleitorais, encerra sua campanha em Mar del Plata com chances de vitória no primeiro turno. O liberal Mauricio Macri, presidente empenhado na sua reeleição, fará seu último comício em Córdoba, decadente centro industrial do país, nesta quinta-feira, 24, Ambos disputarão no domingo, 27, a missão de governar a Argentina mergulhada em grave crise econômica e em profundo descontentamento popular.
As últimas sete pesquisas eleitorais publicadas o último dia 18, mostram Fernández, escudado pela ultra-popular senadora Cristina Kirchner, sua candidata a vice-presidente, com vantagem de 16,3 a 225 pontos porcentuais diante de Macri. Nas primárias de agosto passado, o atual presidente havia conseguido 32,9% dos votos, enquanto o peronista contabilizara 49,4%. Segundo as regras eleitorais argentinas, vence no primeiro turno quem obtiver 45% dos votos ou pelo menos 40%, desde que esteja 10 pontos porcentuais na frente do principal adversário.
As aspirações de Macri para um segundo mandato esbarram na recessão de mais de um ano, na inflação indomável, de 37,7% até setembro, e na desvalorização acumulada do peso de 70% desde janeiro. Os impopulares cortes de subsídios sociais e gastos públicos e a ajuda financeira de 57 bilhões de dólares do Fundo Monetário Internacional (FMI) pouco contribuíram para o equilíbrio macroeconômico. O desemprego subiu a 10,6%, e a pobreza afeta mais de um terço dos argentinos.
Nesta reta final das eleições, o empresário de 60 anos que governo o país entusiasmou-se com uma mobilização de apoiadores de sua campanha no último dia 19, sob o slogan “Sim, podemos” – como o do americano Barack Obama, em 2008 -, no centro de Buenos Aires. Trata-se da cidade onde foi prefeito entre 2007 e 2015.
No dia seguinte, porém, seu desempenho no debate presidencial realizado na Universidade de Buenos Aires foi considerado menos empolgante que o do peronista. Sondagem da consultoria Raúl Aragón com 1.486 pessoas maiores de 16 anos apontou a vitória Fernández na contenda. O peronista foi considerado vencedor por 44,2% dos entrevistados, enquanto Macri foi o favorito para 33,0%.
Macri atacou principalmente os escândalos de corrupção na era Kirchner e os processos jurídicos contra a companheira de chapa de Fernández. “Fizeram da Justiça uma porta giratória”, declarou o presidente em um de seus melhores momentos, segundo o jornal Clarín. Em dura crítica à “uberização da economia argentina” por Macri, o peronista disparou que os contribuintes do sistema equivalente ao MEI, no Brasil, são “empreendedores que montam em uma bicicleta e entregam pizza”.
Outros candidatos tampouco ajudaram o presidente argentino. Nicolás del Caño, um dos lanterninhas nas pesquisas, valeu-se de ironia. “Escuto Macri e confirmo que ele jamais vai entender o que sofre uma família trabalhadora quando perde o emprego”, afirmou.
No domingo, o presidente e o vice-presidente da Argentina serão eleitos, assim como os governadores das províncias de Buenos Aires, Catamarca e La Rioja. A metade das cadeiras da Câmara dos Deputados e um terço do Senado serão renovadas.