Tribunal argentino julga 21 por crimes durante a ditadura militar
Acusados cometeram atos de lesa humanidade no centro clandestino de detenção 'D2', em Córdoba
O Tribunal Federal nº 1 da província de Córdoba, na Argentina, começou nesta terça-feira, 6, o julgamento de 21 pessoas acusadas de cometer crimes contra a humanidade no centro clandestino de detenção “D2” durante a ditadura militar do país (1976-1983). Eles são responsáveis pela prisão ilegal, tortura e assassinato de 16 pessoas.
Os juízes Julián Falcucci, Jaime Díaz Gavier e José Fabián Assis vão analisar os crimes cometidos entre 1975 e 1976. Dentre os 21 acusados, a maioria é ex-policial e ex-militar. As 16 vítimas foram classificadas no “D2” como estudantes, militantes considerados “subversivos” ou sindicalistas e sofreram a “imposição de tormentos, homicídios e privação ilegítima da liberdade”.
Este é o sétimo processo realizado por este mesmo tribunal sobre crimes do tipo. Desta vez, há 12 testemunhas, que irão depor nas próximas semanas. O mesmo tribunal condenou 19 pessoas por crime de lesa humanidade em abril deste ano.
Entre os acusados a serem julgados a partir desta terça-feira estão Gilberto Antonio Montiveros, José Arturo Acevedo, Nicolás Miguel Aguirre, Antonio Apolinar Astrada, Delfín Jesús Barrionuevo, Miguel Ángel Bustamante, Roque Osvaldo Camara, José Antonio Cuello, Rául Oscar Del Prado e Miguel Ángel Gómez. Ramón Ernesto Abregú e Roberto Juncos foram liberados da audiência por motivos de saúde.
Ao contrário do Brasil, onde o fim da ditadura foi marcado pelos termos da Lei da Anistia, no país vizinho, os criminosos do período militar têm sido levados a julgamento e condenados. O número de desaparecidos políticos é tema de controvérsia. A Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas (Conadep) registrou no livro “Nunca Mais” o total de 7.380 vítimas. O próprio ex-ditador Jorge Rafael Videla mencionou 30.000 desaparecidos.
Os tribunais da Argentina condenaram à prisão os líderes da ditadura militar, entre os quais os ex-ditadores Videla e Roberto Eduardo Viola e o almirante Emílio Massera. Uma série de autoridades militares e paramilitares que atuaram em centros oficiais e clandestinos de tortura e execução sumária e os responsáveis por sequestros de adultos e crianças também foram presos e condenados.
(Com EFE)