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Financial Times: Triste queda de político notável mostra que ninguém está acima da lei

Periódico britânico diz que talvez nenhum outro país no mundo emergente tenha ido tão longe em erradicar a corrupção mantendo o Estado de Direito

Por Da redação
Atualizado em 6 abr 2018, 19h19 - Publicado em 6 abr 2018, 19h19

O jornal britânico Financial Times publicou nesta quinta-feira (6) em editorial um elogio à justiça brasileira frente ao mandado de prisão contra o ex-presidente Luíz Inácio Lula da Silva. Segundo o texto, não só a prisão de Lula como também a de outros políticos e até a investigação envolvendo o atual presidente Michel Temer mostram que no Brasil ninguém está acima da lei.

“A decisão polêmica, que poderia levar o senhor Lula da Silva às grades em questão de dias, marca a triste e ignominiosa queda de um político notável. Mas também mostra que ninguém está acima da lei — um desenvolvimento positivo e até mesmo revolucionário em um país atormentado pelo legalismo extremo e também pela grande ilegalidade”, afirma o texto.

A publicação cita que devido às políticas que tiraram milhões de brasileiros da pobreza, Lula é o político mais popular e cotado para as eleições de 2018. No entanto, diz o editorial, “chama atenção” o fato de o segundo colocado nas pesquisas ser o candidato Jair Bolsonaro, político considerado pelo jornal ainda mais polêmico que o presidente americano Donad Trump.  “Um candidato de extrema-direita, o senhor Bolsonaro é uma perspectiva assustadora: ele faz com que as opiniões do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pareçam brandas”.

O jornal afirma que os juízes e promotores brasileiros têm sido imparciais em suas decisões, citando outras prisões e investigações a exemplo de ação no espectro político, como a condenação por corrupção do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.

O periódico afirma ainda no editorial que os avanços sociais trazidos por Lula são “realizações notáveis”, mas que também ocorreram em outros países, como Chile e Peru, em decorrência do boom das commodities [das quais os dois governos Lula se beneficiaram enormemente].

“Talvez nenhum outro país no mundo emergente tenha ido tão longe em erradicar o flagelo da corrupção, e tudo através do Estado de Direito. Assim como a acusação do ditador chileno Augusto Pinochet marcou um ponto de inflexão para os advogados de direitos humanos, o mesmo também poderia acontecer com a limpeza anticorrupção na América Latina. Os juízes e promotores do Brasil merecem todo o crédito”, finaliza o jornal.

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