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Trump anuncia retirada de sanções à Turquia por invasão à Síria

Moscou e Ancara fecham acordo sobre controle conjunto de parte do território sírio ocupado pelos turcos, enquanto tropas americanas saem do país

Por Da Redação
Atualizado em 30 jul 2020, 19h37 - Publicado em 23 out 2019, 18h15

O presidente americano, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira, 23, que retirará as sanções econômicas impostas contra a Turquia devido à sua invasão militar no norte da Síria, região dominada pelos curdos. Sua posição foi expressa depois de a Rússia e a Turquia terem alcançado um acordo de cessar-fogo permanente, que entrará em vigor se os militares curdos se retirarem dessa área em seis dias.

O acordo cria uma “zona de segurança” de até 32 quilômetros dentro da Síria, entre as cidades de Tal Abyad e Ras Ayn, que estará sujeita a patrulhamento conjunto russo-turco.  “Deixem que os outros lutem nessa areia molhada de sangue”, afirmou Trump ao referir-se ao acerto. “No início desta manhã, o governo da Turquia informou o meu governo que interromperia o combate e sua ofensiva na Síria e tornaria o cessar-fogo permanente”, completou.

Desde o início da invasão turca, mais de 300.000 pessoas foram forçadas a sair de suas casas, enquanto os grupos armados curdos contabilizaram centenas de mortos em suas fileiras. A Turquia também é acusada de cometer crimes de guerra ao atacar deliberadamente comboios civis em Ras Ayn e de usar armas químicas contra a população da cidade.

Os Estados Unidos tinham os curdos como aliados no combate ao Estado Islâmico (EI) durante a guerra civil da Síria. Esses grupos armados se colocavam contra a autoridade do ditador sírio, Bashar Assad, que tem o apoio da Rússia e Irã. Com a retirada das tropas americanas, os curdos recorreram a Assad para frear o avanço turco, enquanto os russos se aproveitaram do vácuo deixado pelos Estados Unidos na região e se posicionaram como garantidores da paz.

Desde que a ofensiva turca começou em 6 de outubro, Ancara se mostrou determinada a “limpar os terroristas” dentro de uma faixa de 100 quilômetros, na Síria, a partir de sua fronteira. Trump ameaçou “destruir a economia” da Turquia e enviou uma carta ao presidente turco, Recep Erdogan, na qual o aconselhou a “não ser tolo” . A mensagem foi “jogada no lixo”, segundo oficiais turcos que falaram ao site de notícias Al Arabiya.

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Na sexta-feira 18, o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, o secretário de Estado, Mike Pompeo, e o conselheiro de Segurança Nacional, Robert O’Brien, viajaram à Turquia para negociar um acordo de cessar-fogo com Erdogan. As negociações foram concluídas, e os americanos concordaram com a retirada dos soldados curdos da zona de combate.

Em plena campanha de reeleição, Trump recebeu críticas tanto de republicanos quanto de democratas por sua decisão de retirar as tropas americanas da Síria, apesar de ter anunciado que um “pequeno número” de soldados permanecerá no país para proteger campos de petróleo sírios. O restante do contingente, entretanto, não voltará para os Estados Unidos, mas será redistribuído em outras bases na região, como as do Iraque e da Arabia Saudita.

O ex-diplomata americano Brett McGurk, que serviu aos governos de Donald Trump, de Barack Obama e de George W. Bush em altos cargos de Segurança Nacional, disse pelo Twitter que o presidente da Rússia Vladimir Putin e Erdogan querem os Estados Unidos fora da Síria. “Esse era o plano deles já há um tempo”, afirmou. Com o acordo entre Moscou e Ancara, Damasco retomaria o controle de rodovias importantes que ligam a Síria ao Iraque, deixando o pequeno contingente americano sem uma rota de suprimentos, o que McGurk classificou como “uma decisão catastrófica”.

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