O presidente americano, Donald Trump, demitiu na quarta-feira o diretor nacional de Inteligência, Joseph Maguire, por ser responsável pelo funcionário que vazou documentos à Câmara dos Deputados sobre o favorecimento da Rússia a sua campanha de reeleição, informou o jornal The New York Times. Shelby Pierson, um dos assessores de Maguire, entregou documentos no último dia 13 ao Comitê de Inteligência da Câmara, uma das áreas mais ativas no processo de impeachment de Trump.
Até saber do vazamento, Trump pretendia consolidar Maguire no cargo, que exercia interinamente desde agosto de 2019. Ao demiti-lo, o presidente americano nomeou como chefe de todas as 17 agências de espionagem dos Estados Unidos seu ex-embaixador em Berlim, Richard Grenell. Imediatamente, o governante foi acusado de plantar um seguidor cego na liderança do setor de Inteligência do país.
Grennell é crítico da política migratória alemã e recentemente disse ao portal americano de extrema-direita Breitbar que “queria empoderar outros líderes conservadores pela Europa” logo após assumir o cargo de embaixador em Berlim.
Em resposta ao comentário de 13 de fevereiro do ministro da Justiça, William Barr, sobre a dificuldade de trabalhar no governo sob a pressão do presidente pelas redes sociais, Grenell defendeu Trump. “Faz o meu trabalho muito mais fácil”, disse.
Segundo o jornal The New York Times, especialistas da área de Inteligência reagiram com surpresa, e alguns com decepção, à nomeação, questionando a experiência e o temperamento de Grenell.
Vice-diretor do Comitê de Inteligência do Senado, o senador democrata Mark Warner criticou Trump pela escolha e o acusou de “driblar a autoridade constitucional da casa”. O presidente pode escolher como diretor interino qualquer autoridade que tenha passado por sabatina pelo Senado independentemente do cargo que esta ocupasse.
Grennell também é conhecido por atacar a imprensa. Em janeiro, ele acusou o Post de fabricar fonte em uma matéria sobre Trump ameaçar com a adoção de taxas sobre a importação de veículos europeus — fato confirmado pelas autoridades alemã no dia seguinte à acusação.
Embora demonstre um posicionamento conservador, o embaixador defende os direitos LGBT e deve ser o primeiro homossexual assumido a se tornar diretor nacional de Inteligência.