Trump demite secretário de Justiça por não acobertar investigação
Jeff Sessions foi 'fritado' pela Casa Branca por recusar-se a engavetar a apuração sobre a interferência da Rússia na eleição de 2016
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, demitiu nesta quarta-feira, 7, seu secretário de Justiça, Jeff Sessions. Um dos primeiros parlamentares a apoiar a candidatura de Trump, em 2016, Sessions demonstrou fidelidade ao abordar questões como a de imigração. Mas acabou punido por não ter travado as investigações do procurador Robert Mueller sobre a interferência da Rússia na sua eleição.
Trump já designou interinamente Matthew Whitaker, chefe de gabinete de Sessions na Justiça, para o posto, com a promessa de fazer a nomeação definitiva em breve. O secretário de Justiça nos Estados Unidos acumula a função equivalente no Brasil à de procurador-geral da República.
A decisão já era esperada para depois das eleições de meio de mandato, que se deram na terça-feira. A Casa Branca não perdeu mais tempo para defenestrar Sessions. “Caro presidente, a seu pedido, submeto o meu pedido de demissão”, escreveu em sua carta endereçada ao ministro da Casa Civil, John Kelly.
A permanência de Whitaker no cargo tenderá a ser conveniente para Trump neste momento. O secretário-interino se mostra crítico à forma como a investigação sobre o caso da Rússia tem sido conduzida por Mueller. Em um artigo para o jornal The New York Times, no ano passado, ele disse que o procurador fora longe demais no exame da situação financeira da família Trump.
Mueller emitiu ordem à Trump Organization para entregar documentos relacionados à interferência da Rússia e outros tópicos relacionados à investigação em março deste ano. Com os democratas no controle da Câmara a partir de janeiro, uma nova investigação sobre o caso deverá ser aberta no Capitólio.
Senador pelo estado do Alabama, Sessions passou nos últimos meses por um processo de “fritura” da Casa Branca. Trump o criticou em público por sua recusa em travar as investigações de Mueller.
Esta não foi a primeira demissão de autoridades das quais Trump esperava o bloqueio dos trabalhos de Mueller. O então diretor do FBI James Comey foi demitido em maio do ano passado, quando justamente estava investigando o envolvimento de colaboradores da campanha republicana de 2016 com o governo russo.