Desde que Donald Trump chegou ao poder, sua política externa parecia disposta a abrir novos caminhos de negociação em pontos que os Estados Unidos se mantinham inflexíveis. O presidente americano deu um basta no intervencionismo direto, retirando tropas de zonas de guerra, como Iraque e Afeganistão, e tentou aproximação com inimigos históricos, como a Coreia do Norte. A semana começou com Trump disposto ao diálogo com outro de seus opositores: ofereceu uma conversa com o ditador da Venezuela, Nicolas Maduro. A iniciativa, contudo, logo se mostrou como sendo mais um dos movimentos do presidente americano que geram mais dúvidas do que certezas.
Em entrevista ao jornal digital Axios, durante o fim de semana, Trump disse estar aberto a um encontro com Maduro, uma possibilidade que ele também considerou durante a Assembléia Geral da ONU de 2018, mas que não chegou a acontecer: “Talvez eu pensasse sobre isso. Maduro gostaria de se reunir. E eu nunca me oponho a um encontro, raramente o faço”, respondeu Trump ao ser perguntado se aceitaria se encontrar com o presidente venezuelano.
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Clique e AssineNesta segunda-feira, porém, o tom do presidente americano mudou completamente: “Ao contrário da esquerda radical, SEMPRE serei contra o socialismo e estarei com o povo da Venezuela. Meu governo sempre esteve do lado da LIBERDADE e contra o regime opressivo de Maduro! Eu só me reuniria com Maduro para discutir uma questão: uma saída pacífica do poder”, escreveu Trump no Twitter.
Já Nicolas Maduro, disse que está disposto a conversar com Donald Trump, de “forma respeitosa”, e lembrou um encontro com o então vice-presidente e agora candidato a chefiar a Casa Branca, Joe Biden, em 2015. “Minha resposta é que, assim como me encontrei com Biden e conversamos longamente de forma respeitosa, coisa que foi registrada na época, também no momento em que for necessário estou disposto a conversar respeitosamente com o presidente Donald Trump”, declarou Maduro à agência estatal de notícias do país sul-americano (AVN).
O encontro entre Maduro e Biden aconteceu no Brasil, na cerimônia de posse da ex-presidente Dilma Rousseff. A televisão estatal venezuelana VTV exibiu as imagens junto da declaração do presidente da Venezuela.
Frequentemente, o regime venezuelano culpa os Estados Unidos pelo fracasso da economia do país, baseada principalmente na exploração de petróleo. As relações entre os dois países é conflituosa desde que Hugo Chávez chegou ao poder e implantou a “revolução bolivariana”, com fortes inspirações socialistas, se alinhando à China, Cuba e outros países governados pela esquerda na América Latina.
Ao que tudo indica, será necessário mais do que declarações trocadas pela imprensa para Trump e Maduro mudarem esse quadro.