O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, escolheu Robert F. Kennedy Jr., abertamente contra vacinas e divulgador de práticas pouco ortodoxas na medicina, para comandar o Departamento de Saúde americano. A decisão, anunciada nesta quinta-feira, 4, aumenta a lista de nomes provocativos escolhidos pelo republicano.
Em discurso de vitória, Trump já havia indicado que poderia escolher Kennedy, que o apoiou depois de desistir de sua própria candidatura presidencial. Segundo o presidente eleito, o aliado “vai ajudar a tornar a América saudável novamente”.
Além de Kennedy, Trump vem montando um gabinete cheio de acólitos, fiéis apoiadores que devem apoiá-lo cegamente após ele assumir a Casa Branca em janeiro do ano que vem. Mesmo assim, alguns nomes causaram preocupação até entre republicano, como o secretário de Justiça, que deve ser Matt Gaetz, deputado de extrema direita conhecido por deslegitimar os resultados da eleição de 2020, que Joe Biden venceu.
A secretária de Segurança Interna, por sua vez, será a governadora de Dakota do Sul, Kristi Noem, que ganhou destaque nacional após se recusar a impor uma ordem estadual de uso de máscara durante a pandemia de Covid-19. Ela era uma das cotadas para assumir a vice-presidência da chapa de Trump, mas seu relacionamento com o republicano foi abalado após uma repercussão negativa em torno da publicação de seu livro de memórias em abril, no qual ela escreveu que matou a tiros seu cachorro “indomável” na fazenda de sua família por ele não estar demonstrando sinais de ser um cão de caça ideal.
Kennedy tem sido um dos teóricos da conspiração antivacina mais proeminentes há anos e conhecidamente espalhou falsas teorias da conspiração sobre a segurança e eficácia das vacinas, incluindo que elas causam autismo.
Ele lançou sua própria candidatura presidencial no ano passado — primeiro como um desafiante democrata ao presidente Joe Biden, depois como um independente — focado principalmente em reverter “a epidemia de doenças crônicas”. Ele propôs inúmeras políticas destinadas a revisar a segurança alimentar e as diretrizes ambientais, promover medicamentos holísticos e reestruturar o financiamento público para pesquisa de vacinas.
Na semana passada, Kennedy afirmou que começaria “imediatamente” a estudar a segurança e eficácia das vacinas, mas prometeu não “tirar as vacinas de ninguém”. Ele também se comprometeu a recomendar formalmente que estados e municípios removessem o flúor da água pública.
Em uma entrevista com a NPR News após a eleição, Kennedy expôs suas áreas de foco na administração de Trump.
“O presidente Trump me deu três instruções”, disse Kennedy. “Ele quer a corrupção e os conflitos fora das agências reguladoras. Ele quer retornar as agências ao padrão ouro, empiricamente baseado, com base em evidências, ciência e medicina pelas quais elas já foram famosas. E ele quer acabar com a epidemia de doenças crônicas com impactos mensuráveis em uma diminuição de doenças crônicas dentro de dois anos.”