O ex-médico do atual presidente dos Estados Unidos, Harold Bornstein, afirmou que Donald Trump lhe ditou o próprio de saúde, apresentado durante a corrida eleitoral de 2016. O documento expunha Trump com uma saúde “extraordinariamente excelente” e foi escrito e lido pelo atual presidente. O médico apenas apontou o que poderia ou não ser colocada no atestado.
“Sua força física e resistência são extraordinárias”, afirmava o atestado, apresentado em dezembro 2015 pela equipe de campanha do então candidato. “Se eleito, posso declarar inequivocamente que Trump será o indivíduo mais saudável já eleito para a presidência”.
Em entrevista exclusiva à rede americana CNN, Bornstein disse que estava dirigindo com sua esposa pelo Central Park enquanto Trump lhe ditava a carta. “(Trump) ditou a carta, e eu dizia a ele o que ele não poderia colocar lá”, afirmou.
Segundo o documento, Trump, que é o presidente mais velho a assumir a presidência até o momento, possuía pressão arterial excelente e havia perdido sete quilos em um ano. Poucas semanas antes da divulgação do atestado, Trump publicara nas redes sociais que o relatório médico de Bornstein provaria sua saúde perfeita.
“Tenho a sorte de ter sido abençoado com grandes genes”, escreveu no Facebook.
Na época, o médico assegurou que havia escrito o atestado. Agora, vem a público para negar a afirmação sem apresentar suas motivações. Procurada pela rede americana, a Casa Branca não se pronunciou.
Saque de relatórios médicos
Em outra entrevista exclusiva, para a rede NBC News, Bornstein também contou que, em fevereiro de 2017, o então funcionário da Casa Branca Keith Schiller se apresentou em seu consultório junto com outros dois homens e levou todos os relatórios médicos do presidente. Schiller foi guarda-costas de Trump.
“Devem ter ficado aqui 25 ou 30 minutos. Criaram muito caos”, relatou Bornstein,, que afirmou ter se sentido “violado, assustado e triste” durante o que descreveu como um “saque” do seu consultório.
O médico assegurou que Schiller, acompanhado de um advogado da Trump Organization chamado Alan Garten e de um terceiro homem não identificado, pediu para tirar da parede uma fotografia emoldurada na qual ele aparecia junto ao presidente. Bornstein tem agora o retrato sob uma montanha de papéis em uma das estantes.
Perguntada a respeito durante uma entrevista coletiva, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, minimizou o incidente e negou que tenha havido um “saque”. “Como parte do procedimento padrão sob um novo presidente, a Unidade Médica da Casa Branca tomou posse dos relatórios médicos do presidente”, alegou Sanders.
No entanto, Bornstein apresentou o incidente como uma vingança da Casa Branca, pois teria acontecido dois dias depois que ele assegurou em entrevista que havia receitado a Trump, durante anos, um remédio para estimular o crescimento do cabelo.
“Eu não podia acreditar que alguém estava fazendo um grande negócio sobre uma droga que é para crescer o cabelo, que parecia ser tão importante… qual é o problema com isso?”, afirmou à NBC.
Segundo Bornstein, ele estava tentando convencer a Casa Branca de que deveria ser o médico de Trump na Presidência. Depois de conceder essa entrevista, recebeu uma ligação de uma assistente do governante, Rhona Graff, que lhe disse que se “esquecesse” de ocupar esse cargo.
Bornstein afirmou que decidiu revelar agora esse episódio por conta dos rumores de que Ronny Jackson, que foi o médico da Casa Branca durante os três últimos presidentes, deixou de ocupar o cargo depois de ser acusado de beber no trabalho e receitar remédios sem controle.
Em janeiro deste ano, Trump passou por um teste cognitivo, após especulações sobre sua saúde mental. O resultou apontou “um estado de saúde em geral excelente”. “Não tenho preocupações com sua capacidade cognitiva ou funções neurológicas”, afirmou Ronny Jackson, logo após a publicação dos resultados.
(Com EFE)