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Trump exige que seu nome seja gravado em cheques de ajuda econômica

Para mostrar que está na linha de frente contra a Covid-19 e arrecadar votos para reeleição, presidente ainda comanda coletivas diárias sobre pandemia

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 abr 2020, 13h03 - Publicado em 15 abr 2020, 12h43
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  • Em uma medida inédita nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump ordenou que seu nome seja gravado em todos os cheques que serão entregues aos americanos desempregados e mais vulneráveis aos impactos econômicos da pandemia de coronavírus. A exigência do líder americano traz à tona seus interesses eleitoreiros em meio a uma trágica doença que já matou mais de 25.000 pessoas e deixou 6,6 milhões de desempregados no país.

    Na prática, quando os destinatários abrirem os seus cheques de ajuda financeira no valor de 1.200 dólares, lerão “Presidente Donald J. Trump” no lado esquerdo do documento, na linha que identifica a pessoa ou instituição que oficializa o pagamento. Os recursos, porém, não saem da conta bancária do líder americano, mas do Tesouro dos Estados Unidos – cofre alimentado pelos contribuintes e pelos compradores de títulos.

    Apesar de a iniciativa oportunista de Trump ser irrelevante para boa parte dos beneficiários, mais preocupados com as contas a pagar do que com o nome do patrocinador da ajuda, o presidente americano falhou em tentar esconder seus interesses eleitoreiros ao tomar tal decisão. Talvez não tenha nem mesmo se preocupado em disfarçar sua intenção. O republicano concorrerá contra o democrata Joe Biden nas eleições presidenciais marcadas para novembro, e já trabalha a todo vapor em sua campanha por um segundo mandato.

    Além de fazer questão de que os americanos saibam que ele é o responsável pela medida de alívio econômico, Trump também tem conduzido coletivas diárias sobre o combate à pandemia nos Estados Unidos – um holofote ao qual Biden não tem acesso. O republicano ainda trava uma batalha com os governadores e prefeitos para tomar as rédeas das decisões sobre quando aliviar ou endurecer as medidas de isolamento social no país, ainda que a Constituição atribua a responsabilidade pela saúde pública aos estados. Tudo para mostrar aos americanos que está na linha de frente, como comandante em chefe, da luta contra a Covid-19.

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    A decisão de colocar seu nome nos cheques abriu às portas para uma onda de críticas à postura de Trump diante do sofrimento dos familiares que perderam parentes e das mais de 2 milhões de pessoas em todo o mundo que foram infectadas pelo coronavírus, além das outras milhares de vítimas indiretas que perderam seus empregos ou sofrem as consequências econômicas da pandemia.

    Além disso, a medida pode atrasar o envio dos 1.200 dólares a dezenas de milhões de americanos pelo Internal Revenue Service (IRS), a Receita Federal dos Estados Unidos. Agora, os cheques deverão ser redesenhados, segundo o jornal The Washington Post.

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