Trump fala em meritocracia, promete tarifaço global e exige quid pro quo em Davos
Presidente dos EUA participa por videochamada do Fórum Econômico Mundial, onde traça planos sem detalhes para combater a inflação e cortar impostos

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discursou nesta quinta-feira, 23, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, apresentando seus planos para combater a inflação, cortar impostos e expandir a produção de energia nos EUA. Via videoconferência, ele comemorou o que chamou de meritocracia americana e voltou a fazer ameaças de impor tarifas sobre produtos estrangeiros.
“Minha mensagem para o mundo é simples: venha fabricar seu produto nos Estados Unidos que nós lhe daremos benefícios fiscais. Se você não quiser, o que é uma prerrogativa sua, você terá de pagar taxas para nós, cujas alíquotas variarão”, declarou.
Trump também disse que está trabalhando para liderar os setores de inteligência artificial e criptomoedas, além de prometer aumentar a produção doméstica de energia para reduzir os custos em toda a economia. “Os Estados Unidos têm as maiores reservas de petróleo e gás do planeta, e vamos usá-las”, afirmou. Segundo ele, isso ajudaria o país a se tornar uma potência manufatureira, além de reduzir os preços de bens e serviços.
Preocupação no fórum
Este foi o primeiro discurso de Trump para lideranças e empresários internacionais desde seu retorno à presidência. O evento contou com a participação de CEOs como Brian Moynihan, do Bank of America, e Stephen Schwarzman, do Blackstone.
Os líderes ficaram atentos aos planos de Trump, especialmente depois da ameaça de impor tarifas contra a União Europeia, China, México e Canadá. Depois do discurso, ele respondeu a perguntas de um painel de especialistas, afirmando que o tratamento que seu país recebe de parceiros como o bloco europeu é injusto e será reexaminado.
O temido tarifaço pairou sobre todo o fórum, e muitos dos economistas que falaram em painéis, incluindo americanos, alertaram que a medida deve alimentar a inflação nos Estados Unidos, com consequências para o mundo todo, e tarifas devem atuar como uma espécie de imposto global nas transações, gerando problemas para cadeias produtivas.
Por outro lado, o republicano afirmou que gostaria de trabalhar com a China e que tem boa relação com Xi Jinping. A escalada de atritos entre as potências parece ter esfriado – pelo menos por enquanto.
Ações rápidas (e polêmicas)
Nos primeiros dias da Presidência, Trump retirou os Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Acordo de Paris, e anunciou a intenção de renomear o Golfo do México para “Golfo da América”, embora o novo nome provavelmente não seja aceito por outros países. Ele também ameaçou tomar de volta o Canal do Panamá, alegando que o controle estratégico americano sobre essa rota é essencial.
Trump também perdoou mais de 1.500 de seus apoiadores que invadiram o Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021, durante a tentativa fracassada de reverter sua derrota eleitoral. Além disso, ele decidiu desmontar programas de diversidade do governo e está pressionando o setor privado a seguir o mesmo caminho.