Através de sua rede social favorita para ataques, o presidente americano Donald Trump lançou uma ameaça misteriosa ao diretor demitido do FBI, James Comey, sobre possíveis vazamentos de informações a imprensa. O chefe da polícia, que investigava a conexão entre a campanha republicana e a interferência russa nas eleições dos Estados Unidos, foi afastado na última terça-feira, por decisão do magnata.
Na manhã desta sexta-feira, o presidente escreveu no Twitter: “Melhor James Comey esperar que não haja ‘fitas’ das nossas conversas antes de começar a vazar para a imprensa”. A mensagem de Trump levantou dúvidas sobre o que poderia estar por trás da indireta, se o presidente gravou encontros com Comey e que informações foram discutidas.
Uma série de histórias divergentes sobre os bastidores da demissão surgiram por parte do presidente, de sua equipe na Casa Branca e de outras figuras próximas ao FBI. Em entrevista à emissora NBC News, na quinta-feira, Trump disse que falou com Comey em três ocasiões, duas por telefone e a terceira em um jantar. Segundo o republicano, o encontro ao vivo foi um pedido do ex-diretor que, na ocasião, pediu para permanecer no cargo. Ele também teria dito ao presidente que ele não estava sob investigação do FBI.
Os relatos do chefe de Estado, porém, foram questionados em Washington. Oficiais da polícia disseram que o convite partiu da Casa Branca e que o ex-diretor nunca diria ao presidente se ele era ou não investigado, de acordo com um funcionário de alto escalão do FBI. Segundo o jornal The New York Times, duas pessoas que ouviram de Comey relatos sobre o encontro afirmaram que o presidente pediu que ele assegurasse sua lealdade política, mas que o ex-diretor prometeu apenas honestidade.
A possibilidade de haver gravações de conversas por parte de Trump trouxe ainda mais comparações da demissão de Comey com o escândalo de Watergate, no mandato de Richard Nixon. Na época, se descobriu um hábito de Nixon herdado de outros líderes americanos de grampear os principais cômodos da Casa Branca. Suas fitas, porém, acabaram usadas contra ele na investigação. Nixon também demitiu um promotor especial independente que investigava o caso, situação comparada por democratas ao afastamento de Comey.
Divergências
Outra ameça online de Trump nesta sexta-feira foi direcionada aos que criticaram as divergências entre as suas justificativas para a demissão e aquelas divulgadas pela Casa Branca. “Como um presidente muito ativo com muitas coisas acontecendo, não é possível para meus representantes estarem no pódio com perfeita precisão”, escreveu Trump no Twitter. “Talvez a melhor coisa a fazer seja cancelar todos os meus futuros ‘boletins de imprensa’ e entregar respostas escritas pelo bem da exatidão?”, completou.