Trump ironiza solução de Macron contra protestos por aumento de imposto
França suspendeu aumento da taxação sobre combustível e dificilmente atingirá meta do Acordo de Paris, criticado pelo presidente americano
Donald Trump usou sua conta no Twitter para ironizar mais uma vez os problemas do presidente francês, Emmanuel Macron, com os violentos protestos ocorridos na França, contra o aumento de impostos sobre combustível. Por conta da repercussão, o governo do país europeu teve que recuar em sua decisão sobre o reajuste, se distanciando de metas climáticas.
“Estou feliz de que meu amigo @EmmanuelMacron e os manifestantes em Paris chegaram à conclusão que eu cheguei dois anos atrás”, escreveu Trump na noite de terça-feira (04).
“O Acordo de Paris é fatalmente defeituoso porque aumenta o custo da energia para países responsáveis enquanto encobre alguns dos piores poluidores”, disse em referência ao acordo global sobre o meio ambiente, do qual pretende retirar os Estados Unidos, elaborado na capital francesa no final de 2015.
Aumento suspenso
Na terça-feira, o primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, decidiu suspender os aumentos planejados sobre o preço dos combustíveis por ao menos seis meses em resposta às três semanas de protestos, algumas vezes violentos. Com o recuo, a França dificilmente atingirá sua meta de redução na emissão de CO2, central no acordo de 2015.
É a primeira vez que o governo Macron voltou atrás em uma política de destaque nos 18 meses em que está no poder. A decisão vem em momento de baixa na popularidade do presidente, que está em torno dos 20%
Philippe avisou que, com o congelamento do reajuste, atos violentos não serão mais tolerados. “Não aceitaremos a violência que vimos no último final de semana. Se houver um novo dia de mobilização, deve ser declarado (registrado antecipadamente junto a polícia) e acontecer tranquilamente.”
Mas porta-vozes dos “coletes amarelos” declararam que irão lutar por mais concessões, dizendo não aceitar “migalhas”. Apesar dos protestos terem sido incendiados pelo aumento planejado sobre combustíveis, o movimento agora engloba outras frustrações contra a elite política de Paris e o governo de Emmanuel Macron, apelidado de “presidente dos ricos”.
O reajuste do governo francês foi feito sobre uma taxa referente a emissão de carbono, criada pelo ex-presidente do país François Hollande. A partir de janeiro, seriam cobrados 88 euros por tonelada de CO2 emitido, este ano o valor é de 55 euros.
Danos causados ao patrimônio, perdas financeiras graças às refinarias bloqueadas e a invasão de grandes lojas em época de compras de Natal tornaram a suspensão do reajuste uma ideia razoável. Atualmente, a taxa representa um ganho de 5 bilhões de euros anuais ao Estado.
O primeiro-ministro da França iria comparecer a COP24, na Polônia, na última segunda (03). Mas sua presença na Conferência sobre as Mudanças Climáticas foi cancelada em meio às polêmicas, com a agenda substituída por inúmeras reuniões com ministros e parlamentares franceses.