Trump não assinará declaração do G7 pedindo redução de tensões entre Israel e Irã
Decisão cria divergência antes mesmo do início de encontro das sete maiores economias do mundo e convidados

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não pretende assinar uma declaração conjunta de líderes do G7 pedindo a redução de tensões entre Israel e o Irã, segundo fontes ouvidas pela emissora americana CNN. A decisão cria uma divergência antes mesmo do início do encontro do grupo das sete maiores economias do mundo e convidados, que acontece nesta semana no Canadá.
“Sob a forte liderança do presidente Trump, os Estados Unidos estão de volta à liderança dos esforços para restaurar a paz em todo o mundo. O presidente Trump continuará trabalhando para garantir que o Irã não possa obter uma arma nuclear”, disse uma autoridade da Casa Branca em resposta a uma pergunta sobre os planos de Trump em relação à declaração conjunta.
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A decisão é um sinal de que o governo Trump não vê necessidade de construir um consenso compartilhado com outras democracias se considerar tal documento contrário aos seus objetivos – entre eles, novas tarifas, maior produção de combustíveis fósseis e uma Europa menos dependente das Forças Armadas dos Estados Unidos.
“Para Trump, acordo nenhum é melhor do que um acordo ruim”, declarou Caitlin Welsh, diretora do think tank Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), que integrou a equipe do presidente americano para o G7 durante seu primeiro mandato.
À agência de notícias Reuters, fontes afirmaram que Teerã também pediu que Catar, Arábia Saudita e Omã pressionem Trump a usar sua influência sobre Israel para concordar com um cessar-fogo. Em troca, o Irã mostraria flexibilidade nas negociações nucleares, disseram duas fontes iranianas e três fontes regionais.
Mais cedo, nesta segunda-feira, o Irã instou publicamente Trump a forçar Israel a um cessar-fogo, dizendo ser a única maneira de encerrar o confronto, que entrou em seu quarto dia.
“Se o presidente Trump for sincero em sua diplomacia e estiver interessado em interromper esta guerra, os próximos passos serão importantes”, disse o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, no X, antigo Twitter. “Israel deve cessar sua agressão e, na ausência de uma cessação total da agressão militar contra nós, nossas respostas continuarão. Basta um telefonema de Washington para amordaçar alguém como Netanyahu. Isso pode abrir caminho para o retorno da diplomacia”.
Porta-aviões dos EUA e escalada de hostilidades
Apesar dos pedidos iranianos, Washington enviou o porta-aviões USS Nimitz para o Oriente Médio nesta segunda-feira, para oferecer “opções” ao presidente americano, Donald Trump, segundo a agência de notícias Reuters. A embarcação partiu do Mar da China Meridional nesta manhã, cancelando uma escala planejada no centro do Vietnã, e mudou de curso para oeste, em direção à explosiva região onde Tel Aviv e Teerã trocam disparos há quatro dias.
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Ao mesmo tempo, mais de 30 aviões-tanque da Força Aérea americana decolaram de bases nos Estados Unidos rumo ao leste, através do Atlântico, de acordo com o site de rastreamento de voos Flightradar24. As aeronaves KC-135 e KC-46 são necessárias para reabastecer jatos que participam de ataques distantes de seu país de origem, como os aviões de guerra israelenses que atingiram o Irã.
O reposicionamento dos ativos militares dos Estados Unidos ocorre no quarto dia de conflito Israel-Irã, após as forças israelenses terem lançado ataques em território iraniano na sexta-feira passada. A ação mirou, em particular, locais ligados ao programa nuclear iraniano e eliminou o alto escalão do comando militar do país. A República Islâmica continua afirmando que as atividades de enriquecimento de urânio não têm fins militares, embora países ocidentais e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmem que poderiam ser usadas para fabricar uma bomba atômica.
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O Irã respondeu com ataques de mísseis contra cidades israelenses, que atingiram prédios residenciais e fábricas. Desde o início do conflito, pelo menos 22 israelenses, a maioria civis, morreram. Israel, por sua vez, matou ao menos 224 pessoas no Irã, 90% das quais seriam civis, segundo o Ministério da Saúde do país. Mais de 1.400 pessoas ficaram feridas.
Os Estados Unidos, segundo a agência de notícias Reuters, estão mobilizando forças para proteger seus funcionários no Oriente Médio e se preparar para uma potencial escalada das hostilidades, com temores de uma guerra total na região.