Trump pode reconhecer amanhã Jerusalém como a capital de Israel
Em telefonema a Mahmoud Abas, o presidente americano confirmou intenção de transferir embaixada para Jerusalém
O presidente americano Donald Trump pode reconhecer na quarta-feira Jerusalém como a capital de Israel, segundo autoridades americanas consultadas pela agência de notícias Reuters. As especulações sobre um pronunciamento definitivo de Trump a respeito do tema aumentaram após o mandatário ter perdido na semana passada a data-limite em que deveria justificar a permanência da embaixada americana em Tel -Aviv.
Nesta terça-feira, em telefonema ao presidente Mahmoud Abbas, Trump admitiu a intenção de transferir a embaixada dos Estados Unidos em Tel-Aviv para Jerusalém, segundo a CNN, aumentando ainda mais a expectativa em torno de um pronunciamento. Segundo o porta-voz da Autoridade Palestina, Nabil Abu Rudeineh, Abbas advertiu Trump contra os perigos de tal passo e que tentará evitar que a mudança aconteça, informou a CNN.
Uma lei de 1995 determina que a representação dos Estados Unidos fique em Jerusalém e estipula que a cada seis meses Washington justifique, por motivo de segurança nacional, o porquê da manutenção da representação em Tel-Aviv. O prazo para anúncio se esgotou na última sexta-feira, sem que houvesse uma manifestação oficial sobre o assunto, informou o jornal britânico The Guardian.
Na segunda-feira, o porta-voz da Casa Branca, Hogan Gidley, garantiu à imprensa que a decisão de Trump, após ter sido postergada, será anunciada “nos próximos dias”. O pronunciamento sobre o status da embaixada americana pode ser o passo definitivo para que Donald Trump reconheça Jerusalém como capital do estado judaico.
“Violação da lei internacional”
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse nesta terça-feira que o país poderia romper os laços diplomáticos com Israel caso os Estados Unidos tomem uma decisão nessa direção. “Senhor Trump, Jerusalém é a linha vermelha para os muçulmanos”, disse o mandatário turco em uma reunião de governo. “É uma violação da lei internacional tomar uma decisão apoiando Israel enquanto as feridas da sociedade palestina ainda estão sangrando.”
Além da Turquia, a Liga Árabe e países como a Jordânia e a Arábia Saudita advertiram os Estados Unidos que o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel pode destruir o processo de paz na região. O presidente francês, Emmanuel Macron, ligou para Trump na segunda-feira e, seguindo a mesma linha, afirmou o compromisso de uma resolução do conflito entre israelenses e palestinos por meio de negociações de paz entre os dois governos.
“Não sei se isso provocará distúrbios, mas haverá, sem dúvida, manifestações populares em toda parte”, disse Nabil Chaath, oficial de alto escalão do gabinete do presidente palestino, Mahmoud Abbas, sobre a possível decisão de Trump. A medida, se implementada por Washington, “será o fim do papel desempenhado pelos americanos neste processo”.
Israel capturou o leste árabe de Jerusalém na Guerra dos Seis Dias, em 1967. O território, de importância política e religiosa para árabes e judeus, foi anexado e posteriormente declarado como capital israelense, medida não reconhecida internacionalmente. Os palestinos querem Jerusalém Oriental como a capital de seu futuro Estado.
(com agências internacionais)