Trump quer contratar advogado de Clinton em impeachment
Presidente norte-americano quer estratégia de defesa mais agressiva para enfrentar investigação sobre interferência russa na sua eleição
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pretende contratar um dos advogados que defenderam o ex-presidente Bill Clinton no processo de impeachment, em 1998, para substituir seu atual representante, Ty Cobb, segundo os jornais americanos The New York Times e The Washington Post.
Cobb vinha representando o atual presidente americano na investigação sobre a interferência da Rússia nas eleições, porém, sua saída foi anunciada nesta quarta-feira pela Casa Branca. O procurador especial Robert Mueller ameaça intimar Trump a comparecer a um tribunal para responder a suas perguntas sobre o caso.
O substituto não foi confirmado oficialmente. Ainda assim, segundo fontes ouvidas pelos jornais, Trump pretende contratar o veterano advogado Emmet T. Flood, que fez parte da equipe que defendeu Clinton de um pedido de impeachment aberto após o ex-presidente democrata mentir sobre sua relação com a estagiária Monica Lewinsky.
“Durante várias semanas, Cobb discutiu sua aposentadoria e na semana passada informou ao chefe de gabinete (da Casa Branca), John Kelly, que nos deixará no fim deste mês”, disse a porta-voz do governo, Sarah Sanders, em comunicado.
Cobb foi contratado no último verão com o objetivo de enfrentar a investigação conduzida pelo procurador especial sobre a interferência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016.
A maior parte do trabalho do advogado resumiu-se à produção de documentos para a investigação de Mueller. Um advogado de fora da Casa Branca, John Dowd, comandava uma equipe legal responsável por responder quase todas as demandas do presidente sobre o caso.
Dowd deixou o cargo em março após discordar das estratégias do presidente, entre elas a insistência de Trump em permitir que Mueller o interrogasse. O advogado foi substituído pelo ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani, que mostrou abertura para programar o encontro entre o presidente e o procurador especial.
Estratégia agressiva
Em entrevista ao The Washington Post, Giuliani disse que a saída de Cobb faz parte de uma tentativa de adotar uma estratégia jurídica mais “agressiva” neste momento em que Mueller tenta interrogar Trump.
“Jay (Sekulow, outro advogado do presidente) sentiu que precisávamos de alguém mais agressivo que Cobb”, disse Guiliani, que também não quis confirmar a contratação de Flood.
O ex-prefeito de Nova York afirmou que os advogados planejam pressionar Mueller a mostrar as provas reunidas até o momento e a limitar suas perguntas a Trump. A imprensa revelou nesta semana as 40 questões enviadas pelo procurador ao presidente.
“Há pessoas que falaram sobre um possível encontro de 12 horas. Isso não vai ocorrer, eu garanto. Serão, no máximo, duas ou três horas, com um grupo limitado de perguntas”, disse Giuliani.
Além de evitar o impeachment de Clinton, Flood trabalhou por dois anos na Casa Branca durante o governo de George W. Bush (2001-2009), assumindo as relações o Executivo e o Congresso. O advogado também representou o ex-vice-presidente Dick Cheney em uma ação aberta pela ex-agente da CIA Valerie Plame.
(Com EFE)