O presidente americano, Doanld Trump, fez um pedido inusitado a seus subordinados no ano passado: a possibilidade de compra do território da Groenlândia, que pertence à Dinamarca, pelos Estados Unidos. O interesse foi confirmado por três pessoas presentes nas conversas de Trump com seus assessores aos jornais americanos The New York Times e Wall Street Journal.
A notícia surgiu a poucas semanas da viagem oficial de Trump à Dinamarca, onde se encontrará com a primeira-ministra Mette Frederiksen, a rainha Margrethe II, e os líderes da Groenlândia e das Ilhas Faroé. A expectativa é de, no mínimo, haver constrangimento no primeiro contato.
A ideia começou como uma piada no início de 2018 sobre os recursos naturais do território dinamarquês, como carvão e urânio, durante uma reunião no salão Oval na Casa Branca. Desde então, o presidente voltou a falar sobre o assunto diversas vezes, em uma indicação de que levou o chiste a sério. Seu interesse estaria também posto na relevância geopolítica da Groenlândia, a meio caminho entre a América do Norte e a Europa.
A Groenlândia é uma região autônoma da Dinamarca, que colonizou a ilha de dois milhões de quilômetros quadrados no século XVIII, e abriga cerca de 57.000 pessoas. O gelo cobre 85% da superfície da ilha chegando a 3 quilômetros de espessura, o que torna a região a fonte de 10% das reservas de água doce do planeta.
Segundo os jornais, o governo estava cético sobre a possibilidade de fechar negócio com os dinamarqueses, porém avaliou a questão. Mas tanto a Dinamarca quanto a Groenlândia não receberam bem a notícia. A premiê da ilha, Kim Kielsen, disse em uma nota à imprensa que a Groenlândia não poderia ser vendida, mas que ela está “aberta ao comércio e à colaboração com outros países”.
A parlamentar Aaja Chemnitz Larsen, que pertence ao segundo maior partido da Groenlândia, disse que a primeira coisa que pensou em responder a Trump foi: “Não, obrigada”.
Loucura
No Twitter, o ex-primeiro-ministro dinamarquês Lars Lokke Rasmussen disse que a pretensão de Trump “só poderia ser uma piada de primeiro de abril” fora de época.
“Se ele está cogitando isso, então esta é a prova final de que ele enlouqueceu”, disse o porta-voz de relações internacionais do partido de direita dinamarquês Partido Popular, Soren Espersen.
O último território comprado pelos Estados Unidos foi o Alaska, adquirido da Rússia em 1867 por 7,2 milhões de dólares. Na época, os russos se viam debilitados pelos gastos com a Guerra da Crimeia e viram na oferta americana um bom negócio – do qual terão se arrependido amargamente um século depois.
(Com AFP)