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Trump recua e determina o fim da separação de famílias de imigrantes

Ao assinar decreto, presidente americano adota tom sentimental e se diz horrorizado pelas imagens de crianças separadas de seus pais

Por Denise Chrispim Marin Atualizado em 20 jun 2018, 21h00 - Publicado em 20 jun 2018, 20h11
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  • Confrontado pela sua base republicana no Congresso, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recuou em sua política de zero tolerância à imigração ilegal e assinou hoje (20), na Casa Branca, um decreto que impede a separação de famílias presas ao cruzarem a fronteira.

    Imigrantes menores de idade e seus pais (ou tutores) não poderão mais ser separados, como vinha acontecendo, ao serem capturados. O núcleo familiar será mantido unido enquanto os adultos respondam à Justiça americana por ingresso ilegal nos Estados Unidos. O texto do decreto não traz detalhes sobre as condições de prisão das famílias.

    “Nós vamos ter fronteiras muito fortes, mas vamos manter as famílias juntas. Eu não gosto da visão e dos sentimentos de famílias sendo separadas”, afirmou Trump, ao atribuir o problema aos governos anteriores. “Estamos trabalhando duro sobre a imigração. Isso foi congelado. As pessoas não lidaram com isso, mas nós estamos lidando com isso”, acrescentou.

    As declarações de Trump demonstram o quanto acabou constrangido pela sua própria intransigência. Nas últimas semanas, na medida em que imagens sobre a separação de pais e filhos na fronteira dos Estados Unidos com o México vieram a público, ele ainda mantinha sua determinação de não alterar o curso, culpava a oposição democrata pela situação e exigia do Congresso, de maioria republicana nas duas casas, uma solução definitiva.

    As reações a sua postura partiram da própria Casa Branca. A primeira-dama Melania Trump, expôs ao público sua oposição. “A senhora Trump detesta ver crianças separadas de suas famílias e espera que os dois lados do Congresso possam finalmente elaborar uma reforma migratória bem-sucedida”, disse sua porta-voz, Stephanie Grisham. “Ela acredita que o país deve impor o respeito à lei, mas também é preciso governar com o coração”, completou.

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    O ponto de ebulição se deu no Congresso, onde deputados e senadores republicanos pediram a Trump que atuasse por meio de decreto, enquanto ainda corria a tramitação de um polêmico projeto na mesma linha. Hoje, o presidente da Câmara, o também republicano Paul Ryan, alertou para a possibilidade de aprovação do projeto de lei nesta quinta-feira (21), o que lhe renderia os louros por ter solucionado, mesmo que parcial e temporariamente, a questão.

    Trump tomou a decisão na manhã de hoje, depois de reunir-se com a secretária de Segurança Interna,  Kirstjen Nielsen, e com outros assessores. À imprensa, antecipou que adotaria uma “medida preventiva”, que seria mais tarde completada por uma legislação. E rapidamente, ao anunciar a medida, mudou sua maneira de abordar a separação das crianças ao dar um tom sentimental a suas declarações.

    “Se você olhar aquelas cenas horríveis dos últimos anos… Para mim, elas eram cenas horríveis.  Eram terríveis. E isso foi durante o governo de Obama. Outros governos fizeram a mesma coisa. Nós estamos mantendo as famílias unidas”, insistiu, ao atacar seu predecessor, o democrata Barack Obama.

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    Questionado pela imprensa por que demorara tanto para tomar a iniciativa, Trump alegou que a prática da separação de famílias tem mais de 60 anos. Nos últimos dias, fotos de crianças separadas de seus pais ou tutores na fronteira repercutiram internacionalmente, assim como reportagens e imagens dos centros para onde os menores de idade são enviados, em especial no Texas e no Arizona.

    Em alguns deles, as crianças são mantidas em celas separadas por redes de arame – uma espécie de gaiola. Enquanto os país respondem à Justiça americana, muitas delas são entregues provisoriamente a outras famílias ou enviadas para instituições que cuidam de crianças abandonadas, vítimas de violência e órfãs.

    Trump insistiu, ao anunciar o decreto, que o policiamento da fronteira Sul dos Estados Unidos continuará forte. “A fronteira continuará forte. (…) Estamos nos assegurando de ter uma fronteira muito poderosa, muito forte”, declarou, ciente da pressão de seu eleitorado médio, favorável a medidas duras contra a imigração ilegal.

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