Trump rejeita lei orçamentária e EUA têm 2 dias para evitar paralisação do governo
Presidente eleito quer aumento do teto da dívida; caso não haja novo acordo, haverá interrupção em uma ampla gama de serviços, de voos à polícia

Após o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, rejeitar na quarta-feira 18 o projeto de lei que diz respeito ao orçamento de 2025, o Congresso americano agora tem apenas dois dias para fazer um novo acordo bipartidário sobre o plano de gastos do próximo ano e evitar uma paralisação parcial do governo. O republicano também exigiu que os legisladores aumentem o teto da dívida do país antes que ele tome posse, em 20 de janeiro.
Trump pressionou os membros do Partido Republicano no Congresso a rejeitar um projeto de lei provisório para manter o governo financiado após o prazo final da meia-noite desta sexta-feira, 20. Na ausência de ação dos legisladores, o governo federal dará início a uma paralisação parcial no sábado, que provocaria interrupções em uma série de setores, desde voos até a agências policiais, nos dias que antecedem o feriado de Natal.
O acordo bipartidário teria estendido o prazo de financiamento até 14 de março. Caso não haja um novo consenso, esta seria a primeira paralisação do governo desde aquela que se estendeu de dezembro de 2018 a 2019, durante o primeiro mandato de Trump na Casa Branca.
Ameaças de cima para baixo
Líder inconteste do Partido Republicano, que moldou à sua imagem e semelhança ao longo dos últimos anos, Trump alertou que os republicanos que votarem a favor do pacote atual podem ter problemas para serem reeleitos, porque ficarão em desvantagem nas primárias (disputas eleitorais dentro de seu próprio partido).
“Qualquer republicano que seja tão estúpido a ponto de fazer isso deve, e será, derrotado nas primárias”, escreveu Trump em sua rede social, a Truth.
Ele pediu que o Congresso aprove uma lei que amarre as pontas soltas antes que ele tome posse no mês que vem, aumentando a capacidade do governo para pegar empréstimos – uma tarefa politicamente difícil – e estendendo o financiamento federal. O presidente eleito também disse que os legisladores devem retirar elementos do acordo apoiados pelo Partido Democrata, cujo apoio é considerado necessário para a aprovação de um novo orçamento.
Pitaco bilionário
Trump agiu depois que seu aliado Elon Musk, CEO da Tesla e dono do X (antigo Twitter) a quem o próximo chefe da Casa Branca prometeu um cargo ligado a enxugar o governo federal, pressionou o Congresso a rejeitar o projeto de lei e disse que, do contrário, deputados e senadores republicanos deveriam perder seus cargos.
Após uma reunião com o vice-presidente eleito J.D. Vance, senador por Ohio, e outros líderes do Partido Republicano importantes na noite de quarta-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, o republicano Mike Johnson, disse que houve uma “conversa produtiva”, sem dar detalhes.
“Não vou dizer mais nada sobre isso esta noite porque estamos no meio dessas negociações”, afirmou ele.
Quando perguntado se aumentar o teto da dívida fará parte de um acordo em andamento, o líder do Partido Republicano na Câmara, Steve Scalise, disse que os legisladores “ainda não chegaram lá”.
Futuro incerto
Os próximos passos do Congresso não estão claros. Um acordo bipartidário será necessário para aprovar qualquer projeto de lei de gastos na Câmara, onde os republicanos atualmente têm uma maioria de 219-211, e no Senado, onde os democratas atualmente detêm uma maioria estreita.
A Casa Branca do atual presidente americano, o democrata Joe Biden, disse na quarta-feira que “os republicanos precisam parar de fazer politicagem” e que uma paralisação do governo será prejudicial.
O projeto de lei como existe hoje contém planos para financiar agências governamentais nos níveis atuais e forneceria US$ 100 bilhões para assistência a desastres e US$ 10 bilhões em auxílio agrícola. Ele também inclui uma ampla gama de disposições, como um aumento salarial para legisladores.
Trump disse que o Congresso deveria limitar o projeto de lei para o financiamento temporário do governo a gastos provisórios e auxílio a desastres, além de aumentar o teto da dívida nacional.
A medida paliativa é necessária porque o Congresso não conseguiu aprovar o orçamento regular para o ano fiscal que começou em 1º de outubro. Ela não cobre programas de benefícios como a Previdência Socia.
O governo dos Estados Unidos gasta mais dinheiro do que arrecada por mais de 20 anos, pois os democratas expandiram os programas de saúde e os republicanos cortaram impostos. A dívida crescente — atualmente US$ 36 trilhões (R$ 225,3 trilhões, na cotação atual) — forçará os legisladores a aumentar o teto da dívida em algum momento, agora ou quando o teto for atingido no ano que vem.