Trump revoga proteção dada por Biden a 600 mil venezuelanos, diz jornal
Fim do status concedido a imigrantes por risco de perseguição do governo Maduro os deixa expostos a deportações

A secretária de Segurança Interna dos Estados Unidos, Kristi Noem, revogou uma extensão do Status de Proteção Temporária (TPS, na sigla em inglês) que aumentava em 18 meses a duração de vistos temporários de 600 mil venezuelanos. Sem a proteção, que foi estendida pelo ex-presidente Joe Biden a imigrantes desta nacionalidade por risco elevado de perseguição ou ameaça de conflito armado, o grupo ficará vulnerável a deportações.
A informação foi revelada pelo jornal americano The New York Times nesta terça-feira, 28. O Departamento de Segurança Interna não confirmou a medida, por enquanto.
Seria um golpe para centenas de milhares de venezuelanos que acreditavam não apenas estarem protegidos das ações de deportação em massa do governo de Donald Trump, mas também que receberiam autorizações de trabalho com duração, no mínimo, até o segundo semestre de 2026.
Ameaça de Maduro
Joe Biden decretou a extensão do TPS dos venezuelanos dias antes de ser substituído por Trump na Casa Branca, um anúncio que coincidiu com a data da cerimônia de posse de Nicolás Maduro. Ele assumiu seu terceiro mandato no início deste mês, após acusações de fraude eleitoral – os Estados Unidos, assim como grande parte da comunidade internacional, reconhecem a vitória do antichavista Edmundo González.
Quando o governo Biden decidiu estender o TPS para venezuelanos, ele citou “crises políticas e econômicas sob o regime desumano de Maduro”. “Essas condições contribuíram para altos níveis de crime e violência, impactando o acesso a alimentos, medicamentos, assistência médica, água, eletricidade e combustível”, completou.
Passado e presente
Em seu primeiro mandato, imigrantes sob TPS também entraram na mira de Trump. Os republicanos argumentam que a medida se desviou de seu objetivo original (fornecer abrigo temporário contra conflitos ou desastres naturais). No entanto, tribunais federais frustraram algumas tentativas do governo trumpista para suspender o status de proteção para pessoas do Haiti, El Salvador e Sudão.
Segundo documento visto pelo NYT, a decisão de Kristi Noem criticou a extensão das proteções para venezuelanos no último mês do mandato de Biden, argumentando que ela foi feita de maneira precoce.
Na fronteira entre Estados Unidos e México, os venezuelanos foram a segunda nacionalidade mais detida em 2024 (165 mil), depois do México (466 mil) e seguidos pelo Haiti (158 mil).
Agora, os venezuelanos que receberam TPS em 2021 só serão protegidos até setembro. Noem tem até sábado para decidir se vai estender o status para quem o recebeu em 2023 – inicialmente, ele expira em abril. Caso não haja conclusão, as proteções serão estendidas por seis meses automaticamente.