Turquia condena 3 jornalistas à prisão perpétua
Profissionais são acusados de terem vínculos com a tentativa de golpe de Estado em 2016
Um tribunal da Turquia condenou três conhecidos jornalistas à prisão perpétua –sem possibilidade de revisão da pena– acusados de terem vínculos com a tentativa de golpe de Estado em 2016.
Os condenados são os irmãos Ahmet e Mehmet Altan, que durante anos trabalharam ou colaboraram com jornais próximos ao partido do governo, o islamista AKP, e a também jornalista Nazli Ilicak, que foi deputada entre 1999 a 2001 pelo Fazilet, legenda na qual militava então o atual presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
No mesmo caso foram condenadas à prisão perpétua outras três pessoas: Fevzi Yazici, Yakup Simsek e Sükrü Tugrul Özsengül.
Yazici e Simsek não são jornalistas, mas ocuparam cargos técnicos no jornal Zaman, fechado pelo governo turco por fazer parte da rede do pregador islamista Fetullah Gülen. Por sua vez, Özsengül era um instrutor policial.
Os seis foram acusados de tentar derrubar o governo e de “filiação à organização terrorista”, em referência à confraria de Gülen, aliado no passado do partido governamental AKP e a quem o Executivo agora acusa de orquestrar o levante de 2016. Os jornalistas negaram o tempo todo qualquer vínculo com Gülen.
Desde o fracassado levante de julho de 2016, foram fechados na Turquia mais de 100 meios de comunicação e 156 jornalistas foram presos. O país ocupa o posto 155 de um total de 180 nações na classificação sobre a situação da liberdade de imprensa elaborada pela ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
Jornalista alemão
A condenação dos três jornalistas acorre no mesmo dia em que uma outra corte determinou a libertação de Deniz Yücel, jornalista germânico-turco preso há um ano na Turquia acusado de propaganda terrorista.
A detenção de Yücel tinha turvado as relações entre Ancara e Berlim e ontem mesmo a chanceler alemã, Angela Merkel, voltou a pedir ao primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, um julgamento rápido e justo para o correspondente, sobre o qual não pesava nenhuma acusação formal.
Yücel foi detido há um ano, quando trabalhava como correspondente para o jornal alemão Die Welt, acusado de “propaganda terrorista” a favor do proscrito Partido de Trabalhadores do Curdistão (PKK) e do grupo islamista de Fetullah Gülen.
(Com EFE e AFP)