Turquia inicia ofensiva terrestre contra curdos na Síria
Conflitos se deram nos arredores de Tal Abyad, com vitória curda, e resultaram na morte de cinco civis
Militares turcos e simpatizantes sírios iniciaram nesta quarta-feira, 9, a ofensiva terrestre contra a área do nordeste da Síria dominada pela milícia curda Unidade de Proteção Popular (YPG), considerada como terrorista pelo governo da Turquia. Pelo menos cinco civis morreram e dezenas ficaram feridos.
A região é controlada pelo Exército (SDF), que é composto por diversas milícias no nordeste da Síria, informou o Ministério da Defesa da Turquia.
A ofensiva terrestre começou na noite desta quarta-feira (horário local) após os bombardeios aéreos sobre a região, que duraram o dia inteiro. Os alvos eram as estradas e posições fortificadas, para dificultar a capacidade de defesa dos curdos.
A emissora de televisão Al Jazeera, informou que os embates com armas pesadas entre o YPG e o Exército turco já se iniciaram nos arredores de Tal Abyad, controlada pelos curdos, e que os civis começaram a abandonar a cidade. Segundo Mustafa Bali, porta-voz do Exército Democrático Sírio (SDF), do qual as milícias curdas fazem parte, as forças da Turquia foram repelidas da região. Se confirmada, será a primeira derrota para Ancara nesse novo conflito.
A Turquia espera expulsar os curdos da região e distancia-los da fronteira sob o argumento de que o YPG seria um braço armado do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerado terrorista pelo governo turco. Para evitar a retomada futura do território pelos curdos, o governo turco pretende reassentar os cerca de três milhões de refugiados sírios na região.
O plano da ofensiva do presidente turco, Recep Erdogan, é uma promessa de longa data. O que o impedia era a presença militar dos Estados Unidos na região, que atuava em parceria com as milícias turcas. Porém, na segunda-feira 7, o presidente americano, Donald Trump, anunciou, após um conversa por telefone com Erdogan, que estava retirando suas tropas do nordeste da Síria.
O YPG reagiu ao anuncio da debandada americana dizendo ter recebido “uma facada nas costas”. Durante a guerra civil síria, os curdos foram um importante aliado dos Estados Unidos na luta contra o Estado Islâmico (EI).
Atualmente, os curdos mantêm sob custódia cerca de 6.000 integrantes do EI. Mas anunciaram que os presos estão em segundo plano, devido a ofensiva turca, o que aumenta os temores de fuga dos prisioneiros e retomada do grupo terrorista. No dia seguinte ao anúncio da saída americana, uma célula adormecido do Estado Islâmico desferiu um atentado em Raqqa e uma troca de tiros contra os curdos.
Até o momento, diversos países condenaram a ofensiva turca em território sírio. Na ONU, a pedido da União Europeia, o Conselho de Segurança irá se reunir para debater sobre o assunto, enquanto Trump ameaça de “obliterar a economia” turca caso os curdos sejam exterminados.