A polícia de Istambul, na Turquia, reprimiu com gás lacrimogêneo e balas de borracha uma marcha em favor dos direitos das mulheres na quinta-feira 25.
Organizado para celebrar o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, o ato pedia que a Turquia voltasse à Convenção de Istambul.
Esse acordo histórico para proteger as mulheres inclui 45 países e foi assinado na maior cidade turca, em 2011.
Em julho deste ano, porém, a Turquia também foi o primeiro país a se retirar do acordo.
Segundo o presidente Recep Tayyip Erdogan, a iniciativa havia sido “sequestrada por um grupo de pessoas que tentava normalizar a homossexualidade”.
Erdogan argumentou que as leis existentes na Turquia já fornecem proteção suficiente para as mulheres.
Mas ativistas garantem que a convenção forneceu diretrizes para políticas públicas que jamais foram implementadas.
Desde o abandono da convenção, as mulheres turcas vêm organizando protestos em massa para pedir mudanças na postura do governo.
Pelo menos 285 mulheres foram mortas por homens este ano na Turquia.
Na quinta-feira, o Ministro do Interior turco reconheceu que as estatísticas de sua pasta sobre feminicídios mostram que 2021 caminha para um recorde de mortes. Mas disse que o governo estava trabalhando para reduzir os crimes.
“Não se trata apenas de estatísticas, é uma questão de vidas humanas e precisamos resolver esse problema rapidamente”, disse Süleyman Soylu.
“Vemos a violência contra as mulheres como uma questão humanitária e não podemos tolerar nem mesmo a perda de uma vida”, concluiu.