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Turquia suspende relações diplomáticas com Holanda

Porta-voz do governo diz que Ancara vai negar permissão de aterrissagem a futuros voos diplomáticos e impedir o retorno do embaixador da Holanda

Por Da redação
Atualizado em 13 mar 2017, 23h30 - Publicado em 13 mar 2017, 23h18

A Turquia suspendeu nesta segunda-feira suas relações no mais alto nível com a Holanda em resposta ao veto do governo holandês à participação de políticos turcos em comícios sobre o referendo no país. “Até que a Holanda repare os danos que causou, as relações no mais alto nível e as reuniões ministeriais previstas ficam suspensas”, anunciou o vice-primeiro-ministro turco e porta-voz do governo, Numan Kurtulmus, após uma reunião do conselho de ministros.

O porta-voz também afirmou que Turquia vai negar permissão de aterrissagem a futuros voos diplomáticos holandeses e impedir o retorno a Ancara do embaixador da Holanda. Ele afirmou que a decisão se limita a visitas e voos oficiais que queiram usar espaço aéreo turco, sem afetar os cidadãos comuns.

“Sólidos aliados”

Pouco antes do anúncio do rompimento, o governo americano pediu calma aos dois países, recordando que “ambos são sólidos sócios e aliados na OTAN“. Segundo um alto funcionário do departamento de Estado, o governo de Donald Trump não interveio diretamente no conflito por acreditar que Turquia e Holanda são “democracias fortes” e “podem solucionar o problema entre elas”. A União Europeia e a Otan também tentavam nesta segunda-feira contornar a crise, em meio aos ataques de Ancara às autoridades holandesas por terem impedido dois ministros turcos de participar de comícios em apoio ao presidente Recep Tayyip Erdogan.

A UE pediu que Ancara “se abstenha de toda declaração excessiva e ação que possa exacerbar a situação”, após o presidente Erdogan prometer que a Holanda “pagará um preço alto” pelo tratamento dado aos dois ministros turcos, que, segundo ele, evoca “o nazismo e o fascismo”. “É essencial evitar uma nova escalada e encontrar os meios de acalmar a situação”, afirmou a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.

Embora o processo de adesão da Turquia à UE esteja em um impasse, Ancara continua a ser um parceiro estratégico do bloco, principalmente na gestão do fluxo de migrantes. Mas um ministro turco citou nesta segunda-feira uma possível “análise” do pacto sobre a luta contra a imigração concluído há um ano. “A Turquia deve reavaliar a questão”, declarou o ministro dos Assuntos Europeus, Omer Celik, citado pela agência pró-governo Anatólia.

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A recente crise começou no sábado, quando a Holanda expulsou a ministra turca da Família, Fatma Betul Sayan Kaya, e negou autorização para uma visita do chefe da diplomacia turca, Mevlut Cavusoglu. Os dois diplomatas iriam participar de comícios para promover entre os turcos que residem na Holanda o ‘sim’ no referendo constitucional previsto para 16 de abril, que visa a reforçar os poderes de Erdogan.

Concurso de provocações

Nesta segunda-feira, Erdogan atacou diretamente a chanceler alemã, Angela Merkel, que acusou de “apoiar terroristas”. “Senhora Merkel, por que está escondendo terroristas em seu país? Por que não está fazendo nada?” – questionou Erdogan em entrevista à TV A-Haber, acusando Berlim de não responder aos 4.500 comunicados realizados pela Turquia sobre supostos terroristas. A Turquia acusa a Alemanha de dar abrigo a militantes da causa curda e a suspeitos procurados por envolvimento no fracassado golpe de Estado de 15 de julho. Merkel considerou as acusações absurdas. “A chanceler não tem a intenção de participar de um concurso de provocações”, disse seu porta-voz, Steffen Seibert. Na mesma entrevista, Erdogan acusou a Alemanha de “nazismo”, ao avaliar que Merkel apoia seu homólogo holandês Mark Rutte na disputa com Ancara.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, pediu aos países da Aliança Atlântica que contribuam para dissipar as tensões diplomáticas entre a Turquia e alguns países europeus. “Eu incentivaria a todos os aliados a mostrar um respeito mútuo, manter a calma e contribuir para reduzir as tensões”, declarou Stoltenberg à imprensa. A Holanda pediu nesta segunda-feira a seus cidadãos na Holanda que fiquem “vigilantes” e evitem “as concentrações e locais muito lotados”. Durante o fim de semana, houve várias manifestações diante das representações diplomáticas holandesas em Istambul e Ancara.

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(Com AFP e EFE)

 

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