Uma rede de TV da Austrália admitiu nesta segunda-feira, 6, ter “errado” ao entrevistar Blair Cottrell, ex-líder de um movimento de extrema-direita que possui ficha criminal e já se mostrou simpatizante do líder do regime nazista, Adolf Hitler, em outras ocasiões.
A conversa cara-a-cara, exibida no domingo pela Sky News Australia, tinha como tema central a questão da imigração no país e gerou revolta nas redes sociais pelo fato de a emissora conceder espaço de destaque para o simpatizante nazista se expressar.
Cottrell foi condenado no ano passado por incitar o desprezo aos muçulmanos. Segundo expectadores, ele já era conhecido por pedir que imagens de Hitler fossem penduradas nas salas de aula de todas as escolas australianas.
A Sky News Australia respondeu no domingo com uma publicação em sua conta no Twitter, garantindo que as opiniões do entrevistado “não refletem” as da emissora e que a entrevista já foi retirada de todas as plataformas online.
Cottrell é o ex-líder do grupo anti-imigração australiano United Patriots Front (UPF, na sigla em inglês). Ele foi entrevistado por Adam Giles, um apresentador da Sky News que já foi ministro-chefe do estado de Northen Territory de 2013 a 2016.
A entrevista foi criticada até por outros membros da equipe da emissora, incluindo jornalistas. “Blair Cottrell é um fascista de extrema-direita que é um fã de Hitler confesso. Ele se vangloria de usar ‘violência e terror’ para manipular mulheres”, tuitou a apresentadora Laura Jayes.
Ex-ministro do governo que atualmente participa de programas do canal como comentarista, Craig Emerso disse que este foi “mais um passo em uma jornada para normalizar o racismo e a intolerância em nosso país”. Ele afirmou ainda que não apareceria na rede novamente, destacando que seu pai lutou contra nazistas durante a Segunda Guerra Mundial e ficou detido em um campo de prisioneiros de guerra alemão.
Cottrell usou a entrevista na emissora para pedir ao governo australiano que reduza a imigração, proteja-se de “ideologias estrangeiras” e “recupere a identidade tradicional”. Mais tarde, ele afirmou ainda que a Sky News sucumbiu à pressão para “silenciá-lo”.
No ano passado, Cottrell e outros dois membros do UPF foram considerados culpados por incitar o ódio aos muçulmanos, depois que os três encenaram uma decapitação por parte de extremistas islâmicos para protestar contra a construção de uma mesquita. Um vídeo da cena foi postado no Facebook de Cottrell.