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Ucrânia deve ceder território à Rússia para encerrar guerra, diz Kissinger

Secretário de Estado de Nixon e Ford na década de 1970 diz que Rússia é importante para Europa e Ocidente não deve se deixar levar 'pelo calor do momento'

Por Da Redação
24 Maio 2022, 13h21

O célebre ex-secretário de Estado Henry Kissinger disse nesta terça-feira, 24, que a Ucrânia deveria abrir mão de parte de seu território para chegar a um acordo de paz com a Rússia e encerrar a guerra, que já dura três meses.

Em discurso no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, Kissinger, no auge de seus 98 anos, disse que evitar negociações com a Rússia e antagonizar Moscou pode ter consequências desastrosas para a estabilidade da Europa no longo prazo.

“As negociações precisam avançar nos próximos dois meses, antes que isso crie convulsões e tensões que não serão facilmente superadas”, disse. “Idealmente, a linha divisória deveria ser um retorno ao status quo ante [o estado em que as coisas estavam antes da guerra]. Continuar a guerra além desse ponto não seria sobre a liberdade da Ucrânia, mas uma nova guerra contra a própria Rússia”, completou.

Kissinger, que fez parte dos governos de Richard Nixon e Gerald Ford na década de 1970, disse que a Rússia é parte essencial da Europa há 400 anos, atuando como poder de equilíbrio em tempos críticos para o continente. Para ele, os países ocidentais devem se lembrar da importância da Rússia na Europa e não se deixar levar “pelo calor do momento”.

A Rússia declarou que está aberta à possibilidade de retomar as negociações de paz se a Ucrânia der o primeiro passo, posição reiterada pelo vice-chanceler russo Andrei Rudenko na segunda-feira 23.

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“Estaremos prontos para retomar as negociações assim que a Ucrânia mostrar uma posição construtiva e fornecer pelo menos uma reação às propostas apresentadas”, disse Rudenko. Ele não especificou qual seria essa “posição construtiva”.

+ Negociações com Ucrânia chegaram a ‘beco sem saída’, diz Putin

Contudo, a Ucrânia parece estar cada vez mais intransigente em chegar a um acordo de paz que prevê que Kiev ceda parte de seu território a Moscou. Dirigindo-se a Davos em um discurso em vídeo, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, não está interessado em dialogar.

Zelensky disse que Putin está interessado apenas em “força bruta”. “Este ano é realmente o ano em que se decide se a força bruta governará o mundo”, declarou o líder ucraniano no Fórum.

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“Se assim for, os poderosos não estão interessados ​​no que estamos discutindo e não adianta mais nos reunirmos em Davos. A força bruta não busca nada além de subjugar aqueles que procura subjugar. Não fala; mata, como a Rússia faz na Ucrânia”, acrescentou.

Moscou foi proibida de participar do fórum em Davos este ano devido à invasão da Ucrânia.

Na semana passada, outras autoridades ucranianas negaram a possibilidade de um acordo de paz que envolva ceder território à Rússia. O conselheiro de Zelensky, Mykhailo Podolyak, afirmou que isso só daria a Putin uma posição de vantagem para outra guerra maior no futuro.

“A guerra não vai parar [após quaisquer concessões], será apenas pausada por algum tempo”, disse Podolyak.

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