Ucrânia diz ter encontrado mais de 900 corpos na região de Kiev
Maior parte foi encontrada na cidade de Bucha e, segundo chefe da polícia regional, 'pessoas simplesmente foram executadas nas ruas'
Desde que tropas da Rússia deixaram Kiev e cidades dos arredores, há cerca de duas semanas, mais de 900 corpos de civis foram encontrados na região, afirmou o chefe da polícia regional nesta sexta-feira, 15, de acordo com a agência de notícias Associated Press.
Segundo Andri Nebitov, a maior parte dos corpos foi abandonada nas ruas ou enterrada em valas comuns e mais de 90% das vítimas morreram por ferimentos de tiros.
“Assim, deduzimos que, durante a invasão russa, as pessoas simplesmente foram executadas nas ruas”, disse durante entrevista.
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Do número total, cerca de 350 cadáveres foram descobertos em Bucha. A cidade foi atacada pelas tropas de Moscou durante semanas e, após ser retomada por forças ucranianas, foram encontradas centenas de corpos nas ruas. Algumas vítimas, segundo o governo ucraniano e imagens divulgadas por veículos internacionais de imprensa, estavam com as mãos amarradas e pareciam ter sido mortas com tiros pelas costas.
Poucos dias depois da revelação das mortes em Bucha, a Assembleia Geral das Nações Unidas votou pela suspensão da Rússia do Conselho de Direitos Humanos, sediado em Genebra, citando graves violações.
Para a Rússia, no entanto, serviços da inteligência dos EUA e do Reino Unido seguem ajudando a Ucrânia a forjar novas alegações falsas de supostos crimes de guerra cometidos no noroeste do país, embora não tenha fornecido nenhuma evidência. O Kremlin nega veementemente ter atacado qualquer alvo civil desde o início do conflito, em 24 de fevereiro, e acusa o Ocidente de fazer uma “falsificação monstruosa” destinada a prejudicar a imagem russa perante o mundo.
O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (Acnudh), que está revisando vídeos e materiais recebidos sobre a situação na cidade, declarou que análises preliminares “parecem sugerir” um assassinato de civis de forma deliberada, de acordo com a porta-voz Liz Throssell.
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Segundo Throssell, as imagens em que corpos aparecem com as mãos amarradas ou queimadas poderiam indicar que os agressores visavam deliberadamente essas vítimas, o que poderia elevar a gravidade dessas violações aos direitos humanos cometidas durante a invasão à Ucrânia, se os fatos forem confirmados.
“A alta comissária Michelle Bachelet já falou de possíveis crimes de guerra no contexto de bombardeios a infraestruturas civis, mas isso aparenta ser um assassinato direito de civis”, disse a porta-voz, que admitiu haver a necessidade de comprovar as imagens. “Em incidentes específicos, são necessárias análises forenses, monitoramento e coleta de informações, para determinar quem fez o quê.”