O Exército ucraniano e os separatistas pró-Rússia anunciaram nesta terça-feira, 29, o início da retirada de seus soldados da linha de frente do conflito na região leste da Ucrânia.
A retirada faz parte de um acordo fechado no início deste mês e é uma condição prévia para o início das negociações entre o presidente russo Vladimir Putin e o líder ucraniano Vladimir Zelensky. As conversas serão mediadas pela França e Alemanha, com objetivo de relançar o processo de paz no leste da Ucrânia.
O movimento era esperado há semanas, mas foi adiado várias vezes devido a tiroteios esporádicos que foram registrados na área. Segundo o acordo de retirada, as duas partes devem recuar simultaneamente das cidades de Zolote e Petrivske, na região separatista de Lugansk.
Monitores da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) confirmaram a retirada do Exército ucraniano e dos separatistas. Os dois grupos estão há cinco anos em um conflito que já causou cerca de 13.000 mortes.
O anúncio do acordo provocou protestos em Kiev nas últimas semanas, especialmente por parte daqueles que participaram da guerra contra os separatistas, que compararam o ato a uma “rendição”. Haverá novas demonstrações nesta terça-feira, na frente dos escritórios de Zelensky.
Opositores políticos taxaram a decisão do presidente de uma “submissão às condições do Kremlin” e dizem que a proposta favorece a Rússia.
A retomada do processo de paz, contudo, acontece em terreno escorregadio: o país depende de um auxílio militar dos Estados Unidos no conflito contra a Rússia. A doação de 1,5 bilhão de dólares é um dos pontos-chave investigado pelo inquérito de impeachment que corre contra o presidente Donald Trump.
Supostamente, o americano teria congelado cerca de 400 milhões de dólares do auxílio de maio até setembro para coagir Zelensky a iniciar uma investigação contra seu rival político, o democrata Joe Biden, caracterizando uma troca de favores.
Desde que o ex-comediante assumiu a presidência em maio, tenta reviver as negociações de paz. Os laços entre a Ucrânia e a Rússia foram destruídos depois que uma revolta sangrenta derrubou o regime apoiado pelo Kremlin em 2014. Moscou, então, anexou a Crimeia e passou apoiar os insurgentes no leste da Ucrânia.