Ucrânia enviará delegação aos EUA para ‘alinhar’ termos de acordo de minerais
Território ucraniano tem depósitos de 22 dos 34 minerais identificados pela União Europeia como 'críticos'

A Ucrânia enviará uma delegação a Washington, capital dos Estados Unidos, para “avançar” com as negociações sobre um acordo de minerais com o governo americano, anunciou a vice-primeira-ministra ucraniana, Yulia Svyrydenko, nesta segunda-feira, 7. No X, antigo Twitter, ela afirmou que “esse diálogo reflete os interesses estratégicos de ambas as nações e nosso compromisso compartilhado de construir uma parceria forte e transparente”.
“A delegação incluirá representantes dos Ministérios da Economia, Relações Exteriores, Justiça e Finanças”, escreveu Svyrydenko. “Nosso objetivo é alinhar a seleção de projetos, estruturas legais e mecanismos de investimento de longo prazo.”
Com o retorno à Casa Branca, em 20 de janeiro, Donald Trump passou a cobrar algum tipo de compensação pelos US$ 190 bilhões (em sua conta seriam mais de US$ 500 bilhões) destinados a fortalecer as tropas ucranianas no campo de batalha. Um dos caminhos para a restituição, segundo o republicano, seria firmar um acordo de minerais com Kiev, cujo subsolo é repleto de terras-raras.
No final de março, Washington apresentou a Kiev um rascunho significativamente mais amplo do que a versão acordada. As autoridades ucranianas têm sido cautelosas ao comentar sobre o documento, no qual os EUA supostamente estavam exigiam toda a renda dos recursos naturais da Ucrânia. Pressionado, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que não concordará com um acordo que ameace a futura adesão do país à União Europeia (UE).
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O que está em jogo
A Ucrânia tem depósitos de 22 dos 34 minerais identificados pela União Europeia como “críticos”, de acordo com dados ucranianos. Entre os minerais críticos em solo ucraniano estão o itérbio e o lantânio. O primeiro é usado em lasers infravermelhos, reações químicas, baterias recarregáveis e fibras ópticas, ao passo que o segundo está presente em baterias, vidros especiais e no refino de petróleo.
O país também conta com depósitos de titânio, usado em dispositivos aeroespaciais, marítimos e médicos; lítio, vital para baterias; urânio, empregado para energia nuclear, equipamentos médicos e armas; além de grafite e manganês, utilizados em baterias de veículos elétricos. As reservas de grafite na Ucrânia representam 20% dos recursos globais.
A princípio, os Estados Unidos e a Ucrânia estabeleceriam um Fundo de Investimento de Reconstrução para coletar e reinvestir receitas de fontes ucranianas, incluindo minerais, hidrocarbonetos e outros materiais extraíveis. Kiev contribuiria para o fundo com 50% da receita, subtraindo despesas operacionais, até que as contribuições atinjam a soma de US$ 500 bilhões. Washington, por sua vez, estabeleceria um compromisso financeiro de longo prazo para o desenvolvimento de uma “Ucrânia estável e economicamente próspera”.