Ucrânia ‘está em sintonia com a Rússia’ sobre o fim da guerra, diz Kremlin
Moscou e Kiev falam aberta e simultaneamente sobre uma possível retomada de negociações pela paz pela primeira vez desde 2022
O Kremlin afirmou nesta quarta-feira, 24, que a posição da Ucrânia nas negociações pelo fim da guerra parecem estar em sintonia com a Rússia.
Durante uma visita à China para participar de negociações sobre o fim da guerra contra a Rússia, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, “disse novamente que está pronto para engajar o lado russo em um processo de negociação em algum estágio, quando a Rússia estiver pronta para negociar de boa fé”, afirmou o chanceler chinês, Wang Yi.
No entanto, Kuleba “enfatizou que não vê tal prontidão do lado russo agora”, acrescentou Wang.
Em resposta aos comentários do ministro ucraniano, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que “a mensagem em si pode ser vista em uníssiono com a nossa posição.”
“Vocês sabem que o lado russo nunca se recusou a negociar, sempre manteve sua abertura ao processo de negociação, mas os detalhes são importantes aqui e tanto vocês quanto eu ainda não sabemos”, disse ele.
É a primeira vez que os governos de Moscou e Kiev falam aberta e simultaneamente sobre uma possível retomada dos diálogos pela paz desde que as negociações fracassaram em chegar a um acordo entre as duas partes em 2022.
Negociações de cessar-fogo
À medida que os combates se prolongam, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, convidou na semana passada a Rússia para participar da segunda cúpula da paz organizada pela Ucrânia para discutir sobre o fim da guerra. Na última reunião, realizada em junho na Suíça, 92 nações participaram do encontro que não contou com a presença de Moscou.
Putin está pronto para interromper a guerra na Ucrânia através de um cessar-fogo negociado, disseram fontes russas à agência de notícias Reuters em maio.
No entanto, o presidente russo afirmou no mês passado que o conflito só chegaria ao fim se Kiev concordasse em abandonar seus planos de entrar na OTAN e entregasse a totalidade das quatro províncias ucranianas reivindicadas por Moscou. A Ucrânia, por sua vez, rejeitou as exigências que considera equivalentes à uma rendição.
A China se apresenta como um partido neutro na guerra, apesar de manter relações estreitas com Moscou e nunca ter condenado a invasão russa à Ucrânia.