A Comissão Europeia, órgão executivo da União Europeia, afirmou em um relatório publicado nesta quarta-feira, 8, que a Ucrânia está pronta para iniciar as negociações para a adesão ao bloco, 18 meses após aceitar a candidatura do país. O documento informou também que que o mesmo processo se dará com a Moldávia, que faz fronteira com o território ucraniano, enquanto a Rússia dá continuidade à sua invasão ao país vizinho.
“Hoje é um dia histórico, porque hoje a Comissão recomenda que o Conselho abra negociações de adesão com a Ucrânia e com a Moldávia”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
A Ucrânia tenta aderir à União Europeia há mais de uma década. No final de 2013, a decisão do então presidente Viktor Yanukovych de anular um acordo comercial com o bloco e, em vez disso, voltar-se para a Rússia como parceiro provocou protestos e levou à sua destituição – que foi seguida, em 2014, pela anexação ilegal da Crimeia por Moscou.
O objetivo ucraniano de entrar para o bloco – e também para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar ocidental liderada pelos Estados Unidos – faz parte formalmente da constituição da Ucrânia desde 2019.
O atual presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, solicitou a adesão à União Europeia em fevereiro de 2022, poucos dias antes da Rússia invadir seu país.
Embora a decisão de iniciar negociações com o governo ucraniano seja um passo importante no plano de Zelensky, o país ainda precisa cumprir um conjunto de condições para fazer parte do bloco. Com a Ucrânia em guerra, é improvável que esses pré-requisitos, que se relacionam ao estado da economia, democracia do país e combate à corrupção, entre outros pontos, sejam cumpridas tão cedo.
“O governo e o Parlamento ucranianos demonstraram determinação em fazer progressos substanciais no cumprimento dos 7 passos” necessários para a abertura das negociações, disse a Comissão Europeia em comunicado. O processo de entrada propriamente dito só começará quando essas condições estiverem plenamente satisfeitas, o que pode demorar anos. Em entrevista a VEJA, o embaixador da Ucrânia em Brasília, Andrii Melnyk, afirmou esperar que a Ucrânia entre no bloco até 2030.
O aceno positivo da União Europeia à Ucrânia, porém, é um marco significativo. Autoridades ucranianas têm demonstrado preocupação com um possível desvio das atenções internacionais para o Oriente Médio, devido à guerra Israel-Hamas, e a abertura de negociações para a adesão mostra que parceiros europeus ainda estão de olho na agressão russa.