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Ucrânia nazista e Ocidente vilão: o que diz novo manual escolar da Rússia

Na volta às aulas, livro inédito tem capítulo sobre guerra na Ucrânia, para alunos de 16 a 18 anos, na tentativa de controlar a narrativa sobre o conflito

Por Da Redação
Atualizado em 1 set 2023, 18h23 - Publicado em 1 set 2023, 16h00
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  • O primeiro manual escolar de história da Rússia, recebido nesta sexta-feira, 1º, por escolas do país, reflete todas as teses defendidas e difundidas pelo presidente russo, Vladimir Putin, sobre a invasão à Ucrânia: Kiev é nazista, Moscou é a vítima e as nações do Ocidente perpetuam a “russofobia”.

    O ex-ministro da Cultura e conselheiro presidencial, Vladimir Medinski, está entre os autores do livro estudantil, e defendeu que não incluir explicações sobre o conflito, iniciado em fevereiro do ano passado, seria “uma aberração”.

    O capítulo “A Rússia hoje. Operação Militar Especial”, que trata sobre a guerra, é direcionado a alunos das duas últimas séries do chamado ensino secundário, dos 16 aos 18 anos. Na tentativa de controlar a narrativa sobre a invasão, o tópico restringiu o espaço de outros assuntos. Críticos alegam que o manual difere dos fatos históricos e doutrina os estudantes a partir dos slogans do Kremlin.

    Os escritores afirmam, ao longo do texto, que o Ocidente promove a “russofobia”, o ódio a Moscou e sua cultura, além de instigar conflitos na região com o objetivo de desmantelar o governo para apoderar-se dos recursos naturais do país. Os cidadãos da Ucrânia, independente desde 1991, após o fim da União Soviética, teriam sido ensinados a hostilizar “tudo o que é russo” e apoiar “ideias neonazistas”.

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    O livro aponta que a invasão ao “Estado ultranacionalista” teria unido os russos e gerado heróis nacionais. O exército de Putin, de acordo com o manual, teria recebido ordens para não disparar em áreas civis, ao passo que as forças do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, teriam usado inocentes como “escudos humanos”.

    “Tire as suas próprias conclusões sobre a nova tática militar da Ucrânia”, aconselha o manual ao dirigir-se diretamente aos alunos.

    Além disso, a obra adverte os estudantes a não acreditar em notícias falsas sobre a guerra, sendo parte de um plano dos opositores ao Kremlin para enfraquecer o governo. O texto chega, inclusive, a tratar a saída de investidores estrangeiros, que debandaram após o início do conflito, como oportunidade para a mão de obra russa incluir-se no mercado de trabalho.

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    “Depois da saída das empresas estrangeiras, muitos mercados estão abertos para você”, alega o texto. “Não perca a oportunidade. Hoje a Rússia é realmente um país de grande potencial.”

    Ao final do capítulo, há um mapa do território russo que inclui as regiões ucranianas anexadas ilegalmente por Putin em setembro do ano passado: Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporizhia. Em nenhum momento, contudo, o exército da Rússia teve controle total sobre essas áreas.

    O texto também não trata da contraofensiva militar da Ucrânia, lançada em junho, que já recuperou parte dos territórios. Em agosto, a vice-ministra da Defesa, Hanna Maliar, reivindicou “sucesso parcial” nos arredores da vila de Robotyne, em Zaporizhia, além da recuperação de quase três quilômetros ao redor da cidade de Bakhmut.

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