O procurador-geral da Ucrânia, Andriy Kostin, pediu nesta segunda-feira, 14, que as autoridades brasileiras cumpram um mandado internacional de prisão contra o presidente da Rússia, Vladimir Putin, caso ele compareça ao Brasil para a cúpula do G20 em novembro, alegando ter recebido informações que indicam que o líder russo pode participar do evento.
Em março do ano passado, o Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, emitiu um mandado de prisão contra Putin, acusando o russo de ser responsável pela deportação ilegal de crianças ucranianas e sua transferência para a Rússia, o que é considerado um crime de guerra. A Rússia negou que suas forças tenham se envolvido em crimes de guerra ou sequestrado crianças ucranianas.
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Devido às “informações de que Putin pode comparecer à cúpula do G20 no Brasil, gostaria de reiterar que é uma obrigação das autoridades brasileiras, como Estado parte do Estatuto de Roma, prendê-lo se ele ousar visitá-lo”, disse Kostin, referindo-se ao tratado que estabeleceu o TPI.
“Espero sinceramente que o Brasil o prenda, reafirmando seu status de democracia e Estado de direito”, disse ele, acrescentando que “é importante que a comunidade internacional se mantenha unida e responsabilize Putin”.
Questionado por repórteres, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que ainda não havia sido tomada uma decisão sobre a participação de Putin nas reuniões do G20 que acontecerão nos dias 18 e 19 de novembro no Rio de Janeiro. “Quando uma decisão for tomada, nós os informaremos”, completou.
O que diz Lula
Na reunião do G20 em Délhi no ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que Putin não seria preso se comparecesse à reunião das 20 principais economias do mundo no Brasil, após confirmar que o presidente russo seria convidado para o evento.
“O que eu posso dizer para vocês é que se eu for presidente do Brasil, e ele vier para o Brasil, não tem como ele ser preso”, disse Lula na época.
Questionada na época sobre a possibilidade de Lula “prender” o presidente russo em uma possível visita ao Brasil, a Assessoria Especial do Presidente da República afirmou que “não é competência dele decidir pela prisão”, e sim da Justiça brasileira.