Forçado a anunciar sua renúncia no início do mês por uma série de escândalos que levaram à retirada em massa de membros de seu próprio governo, o ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson não tem tantos motivos para sorrir. Nesta semana, no entanto, é provável que tenha esboçado uma singela risada: na Ucrânia, alguns poucos se juntaram para assinar uma petição pedindo que ele receba status de cidadão e se torne o novo premiê ucraniano.
Com baixíssima popularidade entre os britânicos, ele se tornou, no entanto, uma figura relativamente cultuada em Kiev devido ao seu apoio vocal contra a invasão russa, iniciada em 24 de fevereiro. Por partes do país há até pinturas e murais com o rosto do político, carinhosamente chamado de “Johnsoniuk” pelos ucranianos.
Além de ter se encontrado algumas vezes com autoridades ucranianas, incluindo em visitas a Kiev para reuniões com o presidente Volodymyr Zelensky, Johnson chegou a se oferecer para fazer uma grande operação de treinamento para as forças ucranianas, com potencial de treinar até 10.000 soldados a cada quatro meses.
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A petição, que claramente não passa de uma brincadeira que talvez tenha ido longe demais, já recebeu modestas 2.500 assinaturas. Se ela chegar a 25.000 assinaturas, será considerada relevante e, pela lei, o governo será obrigado a respondê-la.
O pedido, dirigido ao presidente ucraniano lista os pontos fortes do político britânico, como “uma posição clara contra a invasão militar na Ucrânia, sabedoria nas esferas política, financeira e jurídica”.
Curiosamente, poucas horas depois que a petição foi publicada, Johnson presenteou Zelensky com o Prêmio de Liderança Sir Winston Churchill e descreveu que o presidente ucraniano reagiu a invasão russa com “incrível coragem, desafio e dignidade”.
Enquanto o ex-premiê ainda tenta se manter nos holofotes, seus sucessores avançam cada vez mais na disputa pelo seu antigo cargo. Na terça-feira, o ex-ministro das Finanças, Rishi Sunak, e a ministra das Relações Exteriores do país, Liz Truss, participaram de mais um debate, marcado pelo desmaio da jornalista que conduzia as perguntas.
Um dos dois será escolhido em uma votação de 180.000 membros conservadores para ser o novo líder do partido – e, portanto, sucessor de Johnson como o líder do país. O vencedor será anunciado em 5 de setembro.