A União Europeia precisa estar pronta para receber novos Estados-membros até 2030, disse nesta segunda-feira, 28, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, durante um fórum em Bled, na Eslovênia.
“Acredito que precisamos estar prontos até 2030 para aumentar”, disse o chefe da instituição política da UE. “Isso é ambicioso, mas necessário. Isso mostra que estamos sérios”.
No momento, há nove países que esperam para se juntar ao bloco: Turquia (desde 1999), Macedônia do Norte (2005), Montenegro (2010), Sérvia (2012), Albânia (2014), Moldávia (2022), Ucrânia (2022), Bósnia e Herzegovina (2022), Kosovo (cuja independência não é reconhecida por cinco Estados-membros da UE). A Geórgia, por sua vez, ainda está no processo para receber o status de país candidato.
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No geral, as candidaturas de Montenegro e Sérvia são as mais avançadas.
Segundo Michel, para que esses nove países entrem no bloco, é preciso que implementem reformas para garantir independência do Judiciário, combate ao crime organizado e corrupção, todas alinhadas às políticas da União Europeia. Além disso, é preciso que cessem e solucionem todos os conflitos bilaterais.
No caso da Ucrânia, que pressiona para adesão à União Europeia e à Otan, a principal aliança militar ocidental, a candidatura apresentada por Kiev cumpre apenas dois dos sete requisitos para iniciar as negociações de adesão ao bloco, segundo um relatório apresentado pela UE em junho. Ainda assim, em uma decisão simbólica, a UE concedeu ao país de Volodymyr Zelensky, presidente ucraniano, o status de candidato formal quatro meses após a invasão russa ao país, que teve início em fevereiro do ano passado.
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Em depoimento à agência de notícias Reuters, duas fontes internas afirmaram que a Comissão Europeia, órgão executivo da UE, estaria impressionada com os avanços ucranianos para a integração à coalizão ocidental, apesar do conflito em curso no país. No entanto, para de fato iniciar o processo, o bloco estabeleceu sete condições para o governo de Zelensky, incluindo o combate à corrupção.
O relatório, que não foi divulgado para o público, seria um marco para o processo de adesão. Com o considerável caminho percorrido no espaço de um ano, a Ucrânia espera iniciar um debate concreto com os 27 Estados-membros do bloco ainda em dezembro deste ano. As fontes indicam, inclusive, que os dois pontos superados pelos ucranianos seriam a reforma judicial e a lei de mídia.
Já a Turquia, que tenta entrar no bloco desde 1999 e está com a candidatura desde 2005, condicionou a aprovação da candidatura da Suécia na Otan à sua entrada na UE.
“Estou chamando esses países que estão fazendo a Turquia esperar na porta da União Europeia por mais de 50 anos”, disse o presidente Recep Erdogan, em julho. “Primeiro, venha abrir o caminho para a Turquia na União Europeia e depois abriremos o caminho para a Suécia, assim como fizemos para a Finlândia”.
Enquanto Helsinque conseguiu sua aprovação, a solicitação sueca segue estagnada, já que a Turquia reforçou sua negativa à entrada do país na aliança e todos os Estados-membros devem ser favoráveis. O principal entrave está ligado à recusa do país em extraditar dezenas de curdos que Ancara afirma serem militantes foragidos após uma tentativa fracassada de golpe em 2016.