Líderes da União Europeia reiteraram que “não estão abertos a renegociação do acordo do Brexit“, frustrando a tentativa de Theresa May para torná-lo mais aceitável diante do parlamento britânico. A primeira-ministra queria garantias sobre o controle do bloco na fronteira irlandesa e alertou que a questão coloca a aprovação da proposta “em risco”.
Líderes do bloco comentaram que o “backstop”, mecanismo para evitar uma fronteira física entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda, “destina-se a ser uma apólice de seguro para garantir a integridade do mercado único”, e asseguram que “a União irá trabalhar rapidamente num acordo subsequente que estabeleça, até 31 de dezembro de 2020, disposições alternativas, de modo que o mecanismo de proteção não seja acionado”.
Para o Conselho Europeu, se o “backstop” se mantiver, ele se aplicará temporariamente “a menos e até que seja substituído por um acordo posterior que garanta a eliminação de uma fronteira rígida”.
Em comunicado conjunto na noite de quinta-feira 13, a União Europeia ressaltou não estar aberta a novas conversas: “O Conselho Europeu reitera as conclusões de 25 de novembro de 2018, nas quais aprovou o acordo do Brexit e aprovou a declaração política. A União mantém esse acordo e pretende proceder com sua ratificação. Não está aberta uma renegociação.”
Em coletiva após a publicação do documento, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, criticou a pressão do Reino Unido por respostas do bloco e cobrou a administração de May.
“Nossos amigos britânicos precisam dizer o que querem, em vez de pedir que nós digamos o que queremos. Por isso precisamos que, em algumas semanas, nossos amigos britânicos traçem suas expectativas para nós, porque o debate sobre esse assunto é impreciso e nebuloso em alguns momentos, e gostaria de ter esclarecimentos.”, disse o presidente.
Juncker acrescentou que a Comissão irá publicar informações, no próximo dia 19, de seus procedimentos caso os britânicos deixem o bloco sem um acordo estabelecido.
Também na quinta, o Partido Trabalhista se declarou contrário ao adiamento da votação para janeiro, pedindo que os parlamentares façam a decisão na próxima semana.
“Isso está se tornando uma brincadeira, disse o Secretário do Brexit, Keir Starmer, “A primeira-ministra adiou essa importante decisão na última semana sob a afirmação de que conseguiria mudanças significativas em seu acordo para o Brexit. Ela obviamente falhou.”
A primeira-ministra compareceu a reunião da União Europeia em Bruxelas um dia depois de ter vencido uma moção de desconfiança movida contra ela por integrantes do próprio partido, o Conservador. Na imprensa britânica, há relatos de que o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, considera apresentar um voto de desconfiança contra o governo antes do Natal, caso May não consiga garantir mudanças em seu acordo.