A presidente da Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou nesta quarta-feira, 28, que o bloco precisa considerar a possibilidade de usar os lucros dos ativos congelados da Rússia para financiar o exército da Ucrânia. Após o início da guerra, em fevereiro de 2022, os países ocidentais congelaram quase metade das reservas estrangeiras de Moscou, equivalente a cerca de 300 bilhões de euros (R$ 1,6 trilhão).
“É hora de iniciar uma conversa sobre a utilização dos lucros inesperados dos ativos russos congelados para comprar conjuntamente equipamento militar para a Ucrânia”, disse ela em discurso ao Parlamento Europeu.
“Não poderia haver símbolo mais forte nem utilidade maior para esse dinheiro do que tornar a Ucrânia, e toda a Europa, um lugar mais seguro para se viver”, completou.
Cerca de 200 bilhões de euros (R$ 1 trilhão) em ativos russos congelados estão na União Europeia, principalmente na Euroclear, uma instituição financeira que mantém os ativos seguros para bancos, bolsas e investidores. Esse dinheiro está gerando bilhões dólares em pagamentos de juros, montante extra que poderia ser enviado à Ucrânia.
Segurança na Europa
Em fala instando as nações europeias a ampliarem suas políticas de defesa, Von der Leyen afirmou que a ameaça de guerra para a União Europeia “pode não ser iminente, mas não é impossível”.
“Os riscos de guerra não devem ser exagerados, mas devemos estar preparados e isso começa com a necessidade urgente de reconstruir, reabastecer e modernizar as forças armadas dos Estados-membros”, disse ela.
A presidente da Comissão Europeia apresentou ao Parlamento uma nova “Estratégia Europeia de Defesa Industrial”, dizendo que um dos seus principais objetivos seria dar prioridade à aquisição conjunta de equipamentos militares.
“A Europa deve esforçar-se por desenvolver e fabricar a próxima geração de capacidades operacionais para vencer batalhas”, defendeu. “Isso significa turbinar nossa capacidade industrial de defesa nos próximos cinco anos.”
Otan
Von der Leyen argumentou ainda que um investimento maior do bloco europeu nos setores de segurança e defesa não diminuiriam a necessidade da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar ocidental liderada pelos Estados Unidos e da qual a maioria dos Estados-membros da União Europeia participa.
“Na verdade, uma Europa mais soberana, em particular na defesa, é vital para o fortalecimento da Otan”, disse ela.