Última fala pública de Mujica teve críticas ao ‘negativo’ Milei e menção a Lula

O ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica faleceu nesta terça-feira, 13, aos 89 anos. O político aposentado que foi símbolo da esquerda na América Latina estava sob cuidados paliativos durante a fase terminal de um câncer de esôfago, além de já diagnosticado com uma doença autoimune. Ele desistiu de fazer tratamento em janeiro, quando o tumor fez metástase e se espalhou apesar de 32 sessões de radioterapia.

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Risonho e reflexivo, Mujica deu sua última entrevista em 2 de maio, à rádio Sarandí, do Uruguai, recebendo os jornalistas em sua chácara, nos arredores de Montevidéu. Entre análises geopolíticas e um balanço do governo do atual presidente, Yamandú Orsi, o ex-líder uruguaio também fez menções à Argentina de Javier Milei e ao Brasil de Lula.

Falando sobre a Argentina, Pepe Mujica definiu Milei como um “contrapeso muito negativo”, dizendo que é “como se ele fosse mais ou menos um governante dos Estados Unidos, não da América Latina”, o que poderia “fraturar” planos conjuntos com o Brasil.

Sobre as diferenças políticas na região, o ex-presidente refletiu que “há um problema que pode ser ideológico, e há outro que se chama estupidez”.

“Não posso julgar todos com a ideologia que tenho. Tenho que tentar lidar com isso da melhor maneira possível nessas circunstâncias. Por quê? Porque a luta política é a política da realidade, não dos sonhos. Então, tenho que equilibrar o que puder com a Argentina, aproveitar a oportunidade que tenho com Lula. Mas sei que nada dura para sempre e tenho que manter as melhores relações possíveis”, disse.

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