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Parlamento Europeu: ultradireita avança e centristas perdem peso

Partidos liberais e ambientalistas ganharam apoio significativo em eleições realizadas em todo o continente

Por Da Redação
Atualizado em 27 Maio 2019, 14h11 - Publicado em 27 Maio 2019, 10h07

Os europeus acordaram nesta segunda-feira, 27, em uma nova realidade política. As eleições no Parlamento Europeu puseram fim ao domínio dos partidos tradicionais de centro-direita e centro-esquerda. Os resultados da votação também revelaram um panorama em que a ultradireita nacionalista, os liberais e os ambientalistas representarão uma força mais significativa.

Com grande parte das urnas já apuradas, os resultados mostram que o Partido Popular Europeu (PPE), grande representante dos grupos de centro-direita no Parlamento, perdeu 41 assentos. Já a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D), de centro-esquerda, perdeu 45 lugares.

As legendas ainda permanecem como as duas maiores no Legislativo europeu, mas terão que dividir o poder com a Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa (ALDE), que elegeu 42 deputados a mais do que nas últimas eleições, em 2014.

Os partidos ambientalistas também mostraram um crescimento significativo, assim como as legendas nacionalistas e de extrema-direita.

Os dois grandes blocos que baseiam suas plataformas em pautas de ecologia e de combate ao aquecimento global, o Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia e a Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde, conquistaram juntos 19 assentos a mais.

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Já o grupo Europa das Nações e a Liberdade (ENF), que agrupa legendas como a Liga Norte, do ministro do Interior da Itália Matteo Salvini, e a Frente Nacional, da ex-candidata à Presidência da França Marine Le Pen, se consagrou com 58 assentos.

O ENF foi formado para as eleições de 2019, mas o partido europeu formado pelos deputados de extrema-direita até então, o Movimento pela Europa das Nações e das Liberdades (MENF), possuía apenas 28 representantes no Parlamento.

“As regras estão mudando na Europa”, afirmou na madrugada desta segunda-feira Salvini, o conservador ministro de Interior italiano, na sede de seu partido Liga, em Milão. “Nasce uma nova Europa”, disse ele.

Resultados nacionais

Entre os eleitores italianos, a Liga Norte aparece como a grande vencedora. Segundo os resultados preliminares, a legenda conquistou 34,3% dos votos. O Partido Democrático, de centro-esquerda e membro do S&D, aparece em segundo lugar, com 22,7% dos votos.

O bilionário e ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, que se lançou há 25 anos na arena política, foi eleito pela primeira vez para o Parlamento Europeu. Seu partido, Forza Italia, faz parte da família do PPE.

O magnata das comunicações, de 82 anos, com problemas de saúde, preparou-se a seu modo para esta nova missão: comprou uma mansão em Bruxelas com piscina, academia e salão de festa no bairro das embaixadas, segundo o jornal La Stampa.

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Já na França, a Frente Nacional, de Marine Le Pen, derrotou o partido do presidente Emmanuel Macron por apenas nove décimos. A legenda de extrema-direita conseguiu 5,28 milhões de votos (23,31%), pouco mais de 200.000 do que a coalizão liderada pelo Em Marcha! (22,41%), de Macron, que se agrupou com os liberais da ALDE.

Na Polônia, os nacionalistas do Lei e Justiça (Pis) foram os grandes vencedores com 45,6% dos votos. Em segundo lugar está a Coalizão Europeia, que reúne partidos de diferentes espectros ideológicos e foi criada para enfrentar os governistas nas eleições europeias, com 38,3% dos votos.

Apesar de ter sido o primeiro país a realizar a votação para o Parlamento, os resultados divulgados até agora no Reino Unido ainda são provisórios. As estimativas apontam, contudo, uma vitória do Partido do Brexit, do eurófobo Nigel Farage, com 31,7% dos votos. Em segundo lugar ficaram os Liberais Democratas (LD), seguidos pelos trabalhistas e pelos ambientalistas.

A legenda de Theresa May, o Partido Conservador, aparece em quinto nas pesquisas, com 8,7% dos votos.

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Crise na Alemanha

A imagem de um Parlamento dividido nos próximos cinco anos se completou diante do rechaço de muitos eleitores aos partidos de centro na Alemanha, que colocou em dúvida a continuidade do governo de coalizão no país.

As lideranças dos três partidos da coalizão liderada pela chanceler Angela Merkel, os conservadores CDU e CSU e o social-democrata SPD, estão reunidas esta manhã para discutir os resultados da votação em uma atmosfera de crise.

Os dois partidos conservadores tiveram juntos 28,9% dos votos, mas a CDU, que obteve 22,6%, registrou uma perda de 7,4 pontos percentuais em relação aos resultados de 2014.

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Mas o que poderia precipitar o fim da coalizão governamental é o resultado sombrio dos social-democratas. O SPD obteve 15,8% dos votos, 11 pontos percentuais a menos que em 2014, ficando atrás dos partidos ambientalistas, que terminaram em segundo lugar com 20,5% dos votos.

“A grande coalizão vacila após as eleições”, disse a revista Der Spiegel em seu site. “Está em perigo” porque “a CDU e o SPD foram punidos pelos eleitores e essa instabilidade pode levar ao colapso a qualquer momento”, acrescentou.

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