Ultradireita da França propõe proibir cidadãos estrangeiros no governo
Medida impediria pessoas com dupla cidadania de ocupar cargos públicos 'estratégicos', como nas áreas de Defesa e Segurança
O líder do partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN), Jordan Bardella, anunciou nesta segunda-feira, 24, que planeja proibir cidadãos com dupla cidadania de trabalhar em cargos de públicos caso o partido vença as eleições legislativas da França. Após a chuva de críticas da esquerda e de centristas, ele disse que foi injustamente “caricaturado” e que “os franceses de origem estrangeira que trabalham e respeitam a lei” não devem temer a medida.
Marine Le Pen, filiada ao RN e principal rival do presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que a iniciativa miraria “apenas um punhado de empregos” em “cargos estratégicos sensíveis”, como nas áreas de Segurança e Defesa. A ultradireitista, além disso, disse que existiria uma lista sobre vagas para o governo, que seria atualizada regularmente conforme os “problemas geopolíticos”.
Jean-Philippe Tanguy, membro da Assembleia Nacional da França que concorre à reeleição, argumentou em entrevista à rádio France Inter que Bardella e Le Pen não formulariam uma medida “que se refira às pessoas em termos de sua religião e supostas origens”.
+ Candidato de extrema direita é atacado durante campanha na França
Críticas ao RN
A proposta foi criticada pelo ministro do Interior, Gérald Darmanin. Em entrevista à rádio francesa Europe 1, o político declarou que a restrição pode “dividir a nação”, acrescentando que não gosta “desta forma de filtrar os franceses”. A visão foi ecoada pela ex-ministra da Educação, Najat Vallaud-Belkacem, que tem dupla nacionalidade francesa e marroquina. Ela publicou uma carta aberta no jornal francês Le Monde nesta terça-feira, na qual disse estar “convivendo com a dor e a angústia deste período eleitoral sério e incerto”.
“Dirijo-me a todos os franceses que nunca serão franceses o suficiente para o RN: aqueles que obtiveram a nacionalidade francesa, aqueles que têm dupla nacionalidade, aqueles que nasceram e vivem em França durante décadas, filhos de imigrantes, franceses de (territórios) ultramarinos, que nunca tiveram o primeiro nome certo, a religião certa, a cor de pele certa para a extrema direita. Hoje, mais do que nunca, temos um alvo nas costas”, escreveu ela, hoje vice-prefeita de Lyon.
“No poder, o RN, que nunca escondeu o seu ódio contra aqueles que chama de ‘franceses no papel’, se apressará a nos proibir o acesso a empregos que considera bons demais para nós: na administração estatal, nas empresas públicas e missões estaduais”, acrescentou a política.
+ Estupro com injúrias antissemitas impulsiona extrema direita da França
Panorama eleitoral
As eleições legislativas foram antecipadas depois de Macron dissolver o Parlamento francês, motivado pela derrota do seu partido, Renascimento (REM), nas votações para o Parlamento Europeu, braço legislativo da União Europeia. Na ocasião, ele definiu o resultado do pleito como “um desastre que não pode ser ignorado” e argumentou que o “aumento dos nacionalistas e demagogos é um perigo”. O RN arrematou 31,37% dos votos, contra apenas 14,60% da coalizão do presidente francês, Besoin d’Europe.
Macron derrotou Le Pen nas eleições presidenciais francesas de 2017 e 2022, com 66,1% e 58,54% dos votos em cada ano, respectivamente. Logo depois da convocação da corrida legislativa na França, Le Pen afirmou que sua vitória no Parlamento Europeu era um acontecimento “histórico” e que ela estava pronta para ganhar novamente, desta vez em nível nacional.
PIB varia 0,1% no terceiro trimestre, com resultado abaixo das expectativas
Brasileirão: as chances de rebaixamento de Internacional, Vitória, Fortaleza, Ceará e Santos
Marina Silva será homenageada com maior honraria da Alesp
Argentina decide pela extradição de brasileiros condenados por atos golpistas
As primeiras provas de fogo das herdeiras de Silvio Santos no SBT







