A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, participou nesta terça-feira, 25, de uma cerimônia solene para marcar o Dia da Libertação Nacional, que comemora o fim do fascismo e da ocupação nazista em 1945.
É costumeiro que a data reúna os italianos, com desfiles e cerimônias de autoridades, mas pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, o país é liderado por um partido com raízes no neofascismo, movimento que surgiu após a derrubada do regime de Benito Mussolini.
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As comemorações deste ano foram repletas de polêmicas. Ao lado de Meloni na cerimônia em Roma, estava um colecionador de antiguidades fascistas – o presidente do Senado, Ignazio La Russa, que ocupa o segundo cargo mais alto da Itália.
Alguns dias atrás, ele teria dito: “Não há referência ao antifascismo na constituição italiana”.
Seus comentários provocaram uma enxurrada de críticas da centro-esquerda, que pede sua renúncia. A líder do Partido Democrata, Elly Schlein, declarou que “o antifascismo é a nossa constituição”.
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Em aceno à oposição, Meloni publicou uma carta nesta terça-feira no jornal italiano Corriere della Serra, dizendo: “Democracia e liberdade estão gravadas na Constituição com um texto que tinha como objetivo unir, não dividir: precisamos fazer deste aniversário um momento de renovada harmonia”.
No entanto, esta não foi a primeira vez que as ligações de La Russa com o passado fascista da Itália causaram polêmica. O líder do Senado foi filmado por repórteres, em 2018, mostrando bustos e miniestátuas de Mussolini, junto com outros artefatos fascistas, em sua casa. Recentemente, ele disse que nunca se livraria do busto de Mussolini, porque foi um presente de seu pai.
O senador é um dos fundadores do partido de extrema-direita Irmãos da Itália, a mesma legenda de Meloni, e um importante aliado da primeira-ministra. Na carta ao Corriere della Sera, ela se recusou a condená-lo, tentando ao mesmo tempo distanciar-se do fascismo.
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“Por muitos anos, os partidos políticos de direita no Parlamento declararam sua incompatibilidade com qualquer nostalgia do fascismo”, disse ela, culpando os políticos de oposição por usarem o fascismo como uma “ferramenta para deslegitimar oponentes: uma espécie de arma de exclusão em massa”.
Meloni lidera o governo mais direitista da Itália desde a Segunda Guerra Mundial. Seu partido, Irmãos da Itália, é um descendente político direto do Movimento Social Italiano, formado por membros do Partido Fascista de Mussolini após o fim da guerra.
Quando ela tinha 19 anos, Meloni disse à TV francesa: “Acho que Mussolini foi um bom político. Tudo o que ele fez, ele fez pela Itália. E não tivemos nenhum político assim nos últimos 50 anos.”
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Por outro lado, a premiê italiana tem se esforçado para transmitir a imagem de líder confiável na Europa, surpreendendo ao mostrar uma postura moderada em uma variedade de questões – do orçamento italiano ao apoio à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e à Ucrânia. Só que está ficando cada vez mais complicado manter os membros mais francos de seu partido na linha.
Na semana passada, o ministro da Agricultura, Francesco Lollobrigida – um de seus aliados mais próximos, e seu cunhado – foi acusado de apologia à supremacia branca por dizer que os italianos corriam o risco de “substituição étnica” devido à imigração.