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Um em cada dois argentinos pode entrar na faixa de pobreza até fim de 2020

Economistas preveem que o desemprego no país pode chegar a 14,5% da população e que, na pior das hipóteses, o PIB pode registrar perda de 16,5%

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 ago 2020, 11h55 - Publicado em 28 ago 2020, 11h34
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  • A América do Sul é um dos continentes mais afetados pela crise do coronavírus, seja pelas curvas de novos casos que não param de crescer ou pelo impacto econômico catastrófico causado pela pandemia e as quarentenas em todo o mundo. Na Argentina, estima-se que um em cada dois cidadãos entrará na faixa da pobreza até o final deste ano se o Produto Interno Bruto (PIB) continuar a cair.

    No primeiro semestre do ano, a atividade econômica caiu 12,9%. O indicador caiu 12,3% no interanual em junho, percentual menor que os das quedas de 26% em abril e 20,5% em maio. Economistas preveem que o desemprego no país pode chegar a 14,5% da população e que, na pior das hipóteses, o PIB pode registrar perda de 16,5% no acumulado de 2020.

    Se a previsão for confirmada, 57% da população será fortemente afetada e pode passar a ser considerada pobre, de acordo com as definições do Instituto Nacional de Estatísticas e Censo argentino (Indec). Caso a queda da economia se mantenha em 13%, 52% dos argentinos podem entrar na linha da pobreza.

    Ainda segundo o órgão, 8% da população argentina não conseguiu o suficiente para comprar os produtos alimentícios básicos em julho. Durante o governo de Mauricio Macri, o índice de pobreza nas regiões urbanas do país chegou a 35,4% da população total. Com a pandemia de coronavírus, o aumento será de 17 a 22 pontos até o final de 2020.

    De acordo com os padrões do Indec, para ser considerada pobre uma pessoa no país precisaria ganhar menos de 18.321 pesos argentinos ao mês (1.353 reais). Uma família de dois adultos e duas crianças precisa de 44.521 pesos (3.280 reais). Esses números são atualizados regularmente e usados para medir a situação social da população. Na medida em que as rendas não chegam a esses valores, as estatísticas consideram essas famílias como pobres.

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    O governo atual presidente, Alberto Fernández, garantiu nesta semana que a economia argentina se recuperará em tempo recorde. “A Argentina, que naturalmente teve uma queda na atividade, está começando a se recuperar em tempo recorde, em tempo acelerado. Acredite que estamos no caminho da reconstrução da atividade econômica”, declarou o chefe de Gabinete de Ministros do governo argentino, Santiago Cafiero, em seu discurso durante a etapa local do Conselho das Américas, que foi realizada via internet.

    Problema crônico

    O presidente do Banco Central da Argentina (BCRA), Miguel Ángel Pesce, concordou em seu discurso ao Conselho das Américas que, devido ao impacto da pandemia, a queda do produto interno bruto foi muito acentuada. Entretanto, como ele frisou, logo depois fez um ‘V’, como ocorrido em vários países depois que as atividades econômicas foram retomadas.

    Porém,, Pesce adimitiu que o país vizinho enfrenta várias dificuldades, incluindo um problema crônico de inflação. “Desde 2011, a Argentina não consegue encontrar um caminho de crescimento sustentado. Isso levou nosso país a ter níveis de pobreza e desigualdade que são difíceis de suportar”, comentou.

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    O presidente do BCRA ressaltou que, diante da impossibilidade de recorrer aos mercados internacionais para se financiar, o governo teve que apelar para a assistência do Banco Central ao Tesouro. A medida teve o intuito de enfrentar o aumento dos gastos para sustentar as receitas dos setores e empresas mais vulneráveis durante a quarentena.

    “A emissão de dinheiro do Banco Central tem sido importante, mas temos tido sucesso na medida em que essa maior emissão monetária não se traduziu em aumentos de preços ou em uma aceleração da inflação. Pelo contrário, nestes meses tivemos uma morigeração do processo inflacionário”, enfatizou.

    Depois de registrar 53,8% de inflação em 2019, neste ano, o processo foi desacelerado, e nos primeiros seis meses de 2020 acumulou um aumento de 15,8%. De acordo com Pesce, o aumento de preços está ligado à instabilidade da moeda. “A fraqueza do peso levou a um processo de dolarização muito significativo”, destacou.

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    De acordo com as estimativas, a Argentina tem notas de moeda americana em seu território na ordem de 170 bilhões de dólares, e por isso, segundo Pesce, o primeiro desafio é ser capaz de canalizar essas economias para investimentos e financiamentos. “A Argentina tem hoje uma taxa de câmbio competitiva, que não precisa de desvalorizações adicionais”, opinou.

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    Alta de casos

    Na quarta-feira 16, a Argentina reportou pela primeira vez desde o início da pandemia da Covid-19 mais de 10.000 novos casos em 24 horas, com 10.550 notificações de infecção. O país vizinho tem agora 370.188 casos no total.

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    A província de Buenos Aires esteve novamente no topo da lista de mortes diárias, com 223 na quarta. O número de leitos de terapia intensiva ocupados em todo o país é de 58,1%, com 2.022 pacientes, mas o percentual sobe para 66,7% se levados em conta apenas a região metropolitana de Buenos Aires.

    (Com EFE)

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