Especialistas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) recomendaram nesta segunda-feira, 31, que Veneza seja adicionada à lista de Patrimônios Mundiais em Perigo. De acordo com eles, a medida é necessária porque a Itália não faz o suficiente para proteger a cidade do impacto das mudanças climáticas e do turismo em massa.
Os especialistas do Centro do Patrimônio Mundial da Unesco são responsáveis por revisar regularmente o estado dos 1.157 locais da agência cultural da ONU. Em uma reunião em setembro, um comitê de 21 Estados-membros da Unesco vai revisar mais de 200 locais para decidir quais vão ser adicionados à lista de perigo.
Para 10 desses lugares, os especialistas recomendaram que os países os coloquem na lista de perigos, que já terá o centro histórico de Odessa, na Ucrânia, a cidade de Timbuktu, no Mali, e vários locais de Síria, Iraque e Líbia. Este ano, Kiev e Lviv, capital e uma cidade da Ucrânia, vão ser recomendadas para serem colocadas na lista.
“A resolução de questões de longa data, mas urgentes, é prejudicada pela falta de uma visão estratégica conjunta geral para a preservação de longo prazo da propriedade e pela baixa eficácia da gestão coordenada integrada em todos os níveis das partes interessadas”, comentou a Unesco.
Segundo a Unesco, as medidas corretivas propostas pelo governo italiano são “insuficientes” e não “detalhadas”. Para eles, a Itália não tem se comunicado de “maneira sustentada e substancial” desde a última reunião do Comitê, em 2021, quando a Unesco já havia ameaçado colocar Veneza na lista de perigos.
Por último, a agência observou que espera que essa inscrição resulte em “maior dedicação e mobilização” das partes interessadas para abordar questões sobre preservação de longa data.
Um porta-voz do município de Veneza afirmou à agência de notícias Reuters que vai ler “cuidadosamente a proposta de decisão publicada hoje pelo Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco e a discutirá com o governo”.
A cidade de Veneza, que é conhecida por seus canais e locais culturais, tem lutado contra o turismo de massa e enchentes há anos. Em um dia no Carnaval de 2019, cerca de 193 mil pessoas lotaram o centro histórico local. Agora, o município se prepara para introduzir uma taxa para os excursionistas para controlar o número de visitantes, porém a medida foi adiada por objeções.
Já as enchentes se tornaram também uma das principais preocupações para a cidade, que só nas primeiras duas décadas deste século foi palco de 130 alagamentos que o nível da água passou de 110- em contraposição as 5 registradas no século passado. Em fevereiro deste ano, Veneza enfrentou uma seca drástica motivadas por semanas de um inverno nada úmido.