União Europeia aprova tarifa sobre US$ 23 bilhões em produtos dos EUA
Proposta aceita por Estados-membros é resposta aos 25% impostos por Washington sobre exportações de aço e alumínio do bloco europeu

A União Europeia aprovou suas primeiras contramedidas contra as tarifas impostas pelos Estados Unidos, após os Estados membros se posicionaram a favor, nesta quarta-feira 9, de uma proposta em resposta aos 25% impostos por Washington sobre exportações de aço e alumínio do bloco europeu. Ao todo, as tarifas cobrem cerca de 23,2 bilhões de dólares em produtos americanos.
“A UE considera as tarifas americanas injustificadas e prejudiciais, causando prejuízos econômicos a ambos os lados, bem como à economia global. A UE declarou sua clara preferência por encontrar soluções negociadas com os EUA, que sejam equilibradas e mutuamente benéficas”, afirmou a Comissão Europeia, braço executivo do bloco, em um comunicado.
+ China anuncia tarifas adicionais de 84% sobre produtos dos EUA
Mais cedo, o Ministério das Finanças da China também respondeu às tarifas de Trump com impostos adicionais de 84% sobre produtos americanos.
A medida da UE deve começar a valer em 15 de abril, mas “podem ser suspensas a qualquer momento, caso os EUA concordem com uma solução negociada justa e equilibrada”.
O bloco formado por 27 nações enfrenta tarifas de importação de 25% sobre aço, alumínio e automóveis, além de tarifas recíprocas de 20% sobre quase todos os demais produtos.
Em um documento, visto pela Bloomberg, a comissão lista dezenas de categorias de produtos que planeja taxar. No X, antigo Twitter, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, destacou que “a Europa está pronta para negociar com os EUA” porque está preparada “para um bom acordo”. No entanto, ela adiantou que a UE retaliará caso seja necessário. “Também estamos preparados para responder com contramedidas e defender nossos interesses”, afirmou.
Na segunda-feira, ministros da UE se encontraram e concordaram em priorizar as negociações com os EUA, ao invés de represálias imediatas. Muitos deles, contudo, parecem mais dispostos a negociar para bloquear as tarifas de Trump do que mergulhar o continente numa guerra comercial. Em coletiva, o vice-ministro da Economia da Polônia, Michal Baranowski, frisou que os representantes não queriam ser “precipitados”. Por sua vez, o comissário de Comércio da UE, Maros Sefcovic, disse que as discussões com Washington estavam em um estágio inicial.
“Embora a UE permaneça aberta — e prefira fortemente — a negociações, não esperaremos indefinidamente”, salientou Sefcovic, acrescentando que o bloco avançaria com contramedidas para evitar o desvio de comércio.
Há preocupação de países europeus que podem ser mais afetados pelas tarifas de Trump, como é o caso da França e da Itália, exportadoras de vinho e destilados. O republicano já ameaçou uma contratarifa de 200% sobre bebidas alcoólicas da UE se o bloco impor uma taxa de 50% ao bourbon, um tipo de uísque, dos EUA.
Apesar dos alertas de Trump, Sefcovic salientou que analisa todas as possibilidades de resposta, incluindo o Instrumento Anticoerção da UE. O mecanismo permite mirar serviços americanos ou limitar o acesso de empresas do país a licitações de compras públicas da União Europeia. Acredita-se que o bloco deve aprovar ainda nesta semana uma retaliação de até 28 bilhões de dólares (165 bilhões de reais) em importações americanas, desde fio dental a diamantes.
Ao mesmo tempo, Bruxelas tem menos alvos do que Washington na queda de braço. As importações de produtos do bloco europeu vindas dos Estados Unidos representam 334 bilhões de euros (cerca de 2,1 trilhões de reais) no ano passado, contra 532 bilhões de euros (3,4 trilhões de reais) de exportações da UE para os EUA.