Um levantamento publicado pela Unicef nesta sexta-feira, 6, revelou que mais de 43 milhões de crianças de 44 países tiveram que abandonar suas casas para fugir de inundações, tempestades, secas e incêndios florestais, no período entre 2016 e 2021. Segundo os dados inéditos, isso é o equivalente a 20 mil deslocamentos por dia.
A pesquisa mostra que as inundações e as tempestades foram as maiores vilãs da migração entre os pequenos, com ou 95% do total de casos, sendo os 5% restantes por conta das outras alterações climáticas.
“É assustador para qualquer criança quando um violento incêndio, tempestade ou inundação atinge a sua comunidade”, disse a diretora executiva da Unicef, Catherine Russell, em comunicado à imprensa.
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Os países mais afetados em números absolutos foram as Filipinas, a Índia e a China, onde 23 milhões de crianças abandonaram à força seus lares e escolas durante o período pesquisado.
O fator geográfico é preponderante, e as mudanças climáticas devem agravar a situação. Mas os índices elevados podem estar ligados ao fato de que os três países possuem medidas preventivas para a retirada de habitantes de áreas afetadas por desastres, o que pode justificar os dados elevados.
Estima-se, ainda, que inundações dos rios sozinhas sejam responsáveis pelo deslocamento de aproximadamente 96 milhões de crianças nos próximos 30 anos. No Brasil, por exemplo, inundações, tempestades e outros fenômenos podem fazer com que 1,5 milhões jovens sejam obrigados a deixar seus lares.
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“Para aqueles que são forçados a fugir, o medo e o impacto podem ser especialmente devastadores. Há preocupação de voltarem para casa, retomarem a escola ou serem forçados a mudar-se novamente. A mudança [de casa] pode ter salvado as suas vidas, mas também é muito perturbadora”, acrescentou Russell.
De acordo com o fundo das Nações Unidas voltado para as crianças, não existem precedentes históricos de análises do tipo.
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“Até agora, as crianças deslocadas por eventos relacionados com o clima têm sido estatisticamente invisíveis”, diz o texto.
O trecho final da nota divulgada pela Unicef soa como um alerta e um pedido aos governos, no mês que antecede a cúpula sobre clima das Nações Unidas, a COP28, em Dubai.
“A Unicef pede a governos, doadores, parceiros de desenvolvimento e o setor privado para proteger as crianças e os jovens dos impactos [das mudanças climáticas], prepará-los para viverem num mundo alterado pelo clima e priorizá-los”, conclui o documento.