Venezuela ameaça prender opositor González se ignorar 3ª convocação para depor
Candidato que a oposição diz ter vencido as eleições no país já faltou a duas intimações para prestar depoimento sobre atas de votação publicadas em site
A Procuradoria-Geral da Venezuela convocou pela terceira vez, nesta quinta-feira, 29, Edmundo González, candidato que disputou a presidência do país contra Nicolás Maduro, para prestar depoimento sobre o site em que a oposição divulgou resultados detalhados comprovando a vitória de seu representante. Segundo o regime, se trata de “falsificações”. O Ministério Público advertiu que González será preso se não comparecer para depor na sexta-feira, 30.
González faltou a duas intimações feitas pelo MP na segunda-feira, 26, e na terça-feira, 28. O órgão advertiu que, se ele não comparecer novamente na data estipulada, será emitido um “mandado de detenção”, considerando que ele está em situação de risco de fuga.
Acusações
A investigação contra Edmundo González envolve a publicação de um site no qual a plataforma anti-chavismo denunciou a fraude eleitoral cometida pelo regime. Os opositores disseram ter obtido acesso a 25 mil das 30 mil atas de votação emitidas no pleito de 28 de julho, com base nas quais o diplomata de 74 anos derrotou Maduro por 67% dos votos a 31%.
Já o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), cooptado pelo chavismo, disse que o líder bolivariano venceu com 51% dos votos. Mas não apresentou as atas para provar o dado, após denunciar um conveniente “ciberataque” contra o sistema de urnas eletrônicas, que teria sido orquestrado pela oposição em conluio com Elon Musk, dono do X, antigo Twitter.
Agora, a Procuradoria-Geral acusou González de “suposta prática dos crimes de usurpação de funções e falsificação de documentos públicos” com a divulgação das atas eleitorais “falsas”.
Na quarta-feira 28, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, explicou que a jurisprudência do país permite que uma pessoa seja convocada até três vezes.
“Vamos enviar a terceira intimação, conforme a jurisprudência da Câmara Criminal, que prevê até três delas para que uma pessoa, neste caso o investigado, preste depoimento sobre um processo em andamento. Essa situação também está associada à desobediência às leis”, afirmou ele a repórteres.