O governo de Nicolás Maduro ameaçou nesta segunda-feira, 4, romper as relações bilaterais com os países-membros da União Europeia (UE) por terem reconhecido o líder da oposição Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela.
A análise do quadro diplomático bilateral, segundo o Ministério de Relações Exteriores venezuelano, será feita de maneira imediata até que seja feita, pelos europeus, uma “retificação que descarte o apoio aos planos golpistas” de Guaidó.
Em nota, a chancelaria venezuelana ainda expressou “sua rejeição mais enérgica da decisão adotada por alguns governos europeus, na qual eles se submetem oficialmente à estratégia dos Estados Unidos para derrubar o governo legítimo do presidente Nicolás Maduro”.
A Venezuela também pediu que os governos europeus voltem a seguir “a trilha da moderação e do equilíbrio, para que sejam capazes de contribuir construtivamente para uma via política, pacífica e dialogada que permita abordar as diferenças entre as forças políticas venezuelanas”.
A União Europeia havia dado como prazo a meia-noite deste domingo 3 para que Nicolás Maduro convocasse novas eleições. Caso contrário, o bloco já havia anunciado que legitimaria a liderança de Guaidó. O líder chavista, contudo, rejeitou o ultimato europeu.
Diante da recusa, Reino Unido, França, Alemanha, Espanha, Portugal, Holanda, Áustria, Suécia, Dinamarca, Polônia e os países bálticos reconheceram a liderança de Guaidó.
O presidente da Assembleia Nacional se autoproclamou presidente interino no último dia 23 para lutar contra o que qualificou de “usurpação de poder” por parte de Maduro. Sua posição já havia sido apoiada pelos Estados Unidos, Brasil, Colômbia e outras nações.
Maduro foi reeleito em 20 de maio, em um pleito considerado ilegítimo pela oposição e pela comunidade internacional.
Não haverá declaração conjunta
Apesar de grande parte dos países da União Europeia ter se posicionado de maneira positiva em relação a Guaidó, o ministro das Relações Exteriores da Espanha, Josep Borrell, negou que o bloco emitirá um comunicado unânime sobre o reconhecimento do opositor.
“A declaração comum, por enquanto, claramente não acontecerá. Há alguns que ainda se opõem”, disse Borell, que não quis dar mais detalhes à imprensa sobre como a Espanha efetivará o reconhecimento de Guaidó, anunciado hoje pelo primeiro-ministro, Pedro Sánchez.
Na quinta-feira e na sexta-feira da semana passada, durante uma reunião informal dos ministros das Relações Exteriores em Bucareste, ficou evidente a rejeição de Estados-membros como Itália e Grécia.
“Já expirou o prazo para que todos digam o que tenham a dizer e, caso não possa haver uma declaração comum, que certamente não haverá, além da que já foi feita na sexta-feira, há muitos países que podem apoiar a declaração do presidente do governo espanhol e de outros países”, afirmou Borrell.
(Com Reuters e EFE)