O embaixador do Brasil na Venezuela, Ruy Pereira, será declarado persona non grata pela Assembleia Nacional Constituinte do país, informou neste sábado a presidente do órgão, Delcy Rodríguez, à imprensa local.
Além de Pereira, o encarregado de negócios do Canadá no país, Craib Kowalik, também não foi considerado bem-vindo na Venezuela.
A ex-chanceler argumentou que, no caso brasileiro, a medida será mantida “até que se restitua o fio constitucional que o governo feriu” no Brasil. O Canadá foi incluído “por sua permanente, insistente, grosseira e vulgar intromissão nos assuntos internos da Venezuela”.
“Persistentemente fazem declarações, fazem uso do Twitter para querer dar ordens à Venezuela”, acrescentou sobre a diplomacia canadense no país a presidente da Assembleia Constituinte, órgão formado apenas por chavistas e que atualmente controla o poder no país.
Rodríguez comentou que nos dois casos, a Chancelaria venezuelana “fará e tramitará o conducente” para que seja iniciado o processo de persona non grata aos dois diplomatas.
Brasil e Canadá foram dois dos países que, em meados de agosto, expressaram apoio ao Parlamento venezuelano, de maioria opositora, e que se mostraram em desacordo com a formação da Assembleia Constituinte da Venezuela. No caso do Brasil, o governo venezuelano também afirma que o impeachment da presidente Dilma Rousseff no ano passado foi um golpe de Estado.
Na última quinta-feira, o governo brasileiro emitiu uma nota oficial na qual “repudia o continuado assédio do regime de Nicolás Maduro à oposição venezuelana” e condena a dissolução arbitrária de governos municipais e o impedimento de que partidos de oposição participem das eleições presidenciais de 2018.
“O Brasil insta o governo Maduro a reconhecer a gravidade do quadro humanitário e autorize a necessária ajuda internacional para fazer frente às carências que afligem a sociedade venezuelana, em particular em matéria de saúde e alimentação”, diz a nota divulgada pelo Itamaraty.
Decisões arbitrárias
A Assembleia Constituinte eliminou a prefeitura de Caracas, governada na última década pela oposição, na última quarta-feira, alegando que ele deixou de cumprir o papel para o qual foi criada. O órgão também suprimiu a prefeitura do Distrito Alto Apure, sob o controle de um dissidente do chavismo.
A Assembleia também determinou no mesmo dia que os partidos que boicotaram as eleições locais deste mês perderam sua legitimidade, o que pode eliminar os principais grupos de oposição da eleição presidencial de 2018.
(Com EFE)