Venezuela libera um quarto dos detidos em repressão após eleições
Medida ocorre no contexto de crescente pressão internacional e denúncias de mortes de prisioneiros políticos

Cerca de um quarto das pessoas presas durante os protestos pós-eleitorais na Venezuela recebeu ordens de libertação condicional, anunciou o procurador-geral Tarek William Saab, nesta segunda-feira, 16. A revisão de casos resultou em 533 ordens de liberação, embora ainda não esteja claro quantas delas foram efetivamente executadas.
A medida ocorre no contexto de crescente pressão internacional e denúncias de mortes de prisioneiros políticos, enquanto o regime de Nicolás Maduro tenta controlar a narrativa sobre a repressão violenta.
A crise política na Venezuela se agravou após as eleições de julho, quando tanto o governo quanto a oposição alegaram vitória. Denúncias de fraude eleitoral e manipulação dos resultados se espalharam rapidamente, com a oposição, liderada por Edmundo González, acusando o regime de Maduro de alterar os votos e apresentar registros fraudulentos. Segundo a oposição, o governo de Maduro teria falsificado os resultados para garantir a vitória de seu candidato.
Diante da pressão feita por países como Estados Unidos, membros da União Europeia e outras nações latino-americanas, que questionaram a transparência da eleição e reconheceram González como o verdadeiro vencedor, Maduro cedeu à revisão das prisões. Até agora, mais de 2.000 pessoas, incluindo adultos e menores de idade, foram detidas após os protestos, alimentando a alegação de que o regime está tentando silenciar a dissidência.
O ex-candidato presidencial Edmundo González, que denunciou amplamente a fraude eleitoral, fugiu da Venezuela para o exílio na Espanha em setembro, após o regime emitir um mandado de prisão contra ele. A comunidade internacional exige uma investigação independente e detalhada dos registros eleitorais e das alegações de fraude.
Enquanto isso, a situação dentro das prisões do país se agrava. Nesta segunda-feira, foi confirmada a morte de Osgual Alexander González Pérez, de 43 anos, preso desde 1º de agosto, juntamente com seu filho de 19 anos. González faleceu na prisão de Tocuyito sem receber a assistência médica necessária.
A morte de González ocorre apenas quatro dias depois do falecimento de Jesus Rafael Álvarez, de 44 anos, também sob custódia na mesma prisão. Álvarez, detido em agosto, sofreu maus-tratos e teve negado o tratamento médico adequado, resultando em sua morte prematura. Além deles, em novembro, Jesus Martínez Medina, conhecido como Manolín, de 36 anos, faleceu após ser torturado e ter seu acesso a cuidados médicos negado. Sua morte foi consequência de ferimentos causados por tortura, que levaram à necrose em suas pernas.