Um adolescente de 17 anos morreu nesta quarta-feira no leste de Caracas durante um protesto contra o presidente Nicolás Maduro, elevando a 66 o número de mortos em pouco mais de dois meses de manifestações da oposição.
O jovem Neomar Lander foi atingido no peito por uma bomba de gás lacrimogêneo durante uma manifestação em Chacao. Dirigentes da oposição responsabilizaram as forças de segurança do governo.
Milhares de opositores tentaram chegar à sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), no centro de Caracas, para protestar contra a Assembleia Nacional Constituinte convocada por Maduro, mas foram bloqueados por policiais e membros da militarizada Guarda Nacional Bolivariana no oeste e no leste da cidade, com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.
A morte acontece um dia depois de o chefe das Forças Armadas advertir que não toleraria “atrocidades” dos guardas nacionais nas manifestações.
Na terça-feira, Vladimir Padrino López, chefe das Forças Armadas e ministro da Defesa, reconheceu os “excessos” dos militares nos protestos. “Não quero ver mais um guarda cometendo uma atrocidade nas ruas”, advertiu.
A oposição tinha urgido López a cumprir sua palavra e permitir a marcha desta quarta-feira. O ministro, no entanto, escreveu no Twitter que é “solidário” com os membros da Guarda Nacional Bolivariana “que com tanta dignidade defendem a pátria, sempre fiéis ao seu dever e serenos no perigo”. López se referiu ao caso de um militar ferido a tiros nesta quarta-feira em El Paraíso. Segundo o ministro do Interior, general Néstor Reverol, ele levou um tiro efetuado de um edifício quando tentava desmontar uma barricada.
“Agora roubam os sapatos”
Na segunda-feira, um vídeo em que policiais e militares aparecem agredindo e tirando os pertences de várias pessoas durante um protesto da oposição circularam nas redes sociais. “Tornaram-se delinquentes, não apenas assassinam, mas agora roubam os sapatos e as bolsas das pessoas”, declarou o líder estudantil universitário Alfredo García, durante a marcha.
Sem aludir diretamente às alegações contra as forças de segurança, Padrino López, que declarou “lealdade incondicional” a Maduro, declarou na terça-feira que o militar que desrespeitar os direitos humanos terá “que assumir a responsabilidade”.
(com AFP)